Imagine a seguinte situação: dezenas de pacientes, entre eles bebês, crianças e idosos em um posto de saúde à espera de atendimento num calor escaldante de 43 graus.
Para o neuropediatra Newman Nigro, que trabalha no Centro Especializado de Saúde Paul Harris, na Posse, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, uma situação que, em suas palavras, o deixou “incomodado”.
O médico então decidiu fazer algo à respeito.
Com recursos próprios, reformou a unidade hospitalar, gastando cerca de R$ 4 mil para rebaixar o teto do forro PVC, fazer um isolamento térmico com isopor, comprar novas luminárias para a área de recepção, além da luminária.
“Comentamos sobre a necessidade de fazer uma obra aqui, mas a prefeitura não tinha condições. São 57 unidades. Temos boa relação com o secretário e o prefeito, tanto que a luminária que tiramos daqui foi para outra unidade”, diz Newman.
O médico é concursado e atualmente é o diretor-geral do posto, local este em que trabalha há 20 anos.
Surpreendentemente, não é a primeira vez que ele banca reformas com dinheiro próprio para melhorar a infraestrutura do posto de saúde.
Além disso, em 2017, Newman impediu que os funcionários do posto entrassem em greve ao pagar em rodízio o salário deles com suas economias enquanto a prefeitura se organizava para pagá-los integralmente. O posto permaneceu aberto (em detrimento dos outros postos da cidade, que fecharam) atendendo a população normalmente.
O médico vai comprar três novos ventiladores para a unidade na semana que vem; mais uma vez, com recursos próprios. Vendo a boa vontade de Newman em melhorar a qualidade do posto de saúde, um clínico da unidade, Fábio Moraes, decidiu ajudá-lo também, doando R$ 1 mil.
A obra de melhora na infraestrutura rendeu até um agradecimento formal do secretário municipal de saúde de Nova Iguacçi, Manoel Barreto, no Facebook.
O Centro Especializado de Saúde Paul Harris conta com um quadro atual de 25 funcionários, atendendo 1200 pessoas por mês.
Pacientes e funcionários da instituição também aprovaram a reforma (e a generosidade) do neuropediatra.
“A recepção ficava muito quente e isso deixava as crianças mais agitadas,” relata a artesã Maria José Duque, de 52 anos, que levou os netos Miguel e Sammuel para atendimento com Newman.
A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu reconheceu por meio de comunicado a iniciativa dos médicos.
“Devido à falta de atualização nos repasses federais para o Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), grande parte dos recursos da Secretaria de Saúde são destinados para manter a unidade sempre de portas abertas. Dos R$ 19 milhões gastos mensalmente no HGNI, R$ 8.5 milhões saem dos cofres municipais. Apesar destas dificuldades, a prefeitura vem buscando investir em melhorias nas unidades básicas de saúde. Uma licitação está em andamento para obras de reparos em 13 das 57 unidades básicas de saúde,” informou.
Fonte: Razões pra acreditar