O que para muitos pode ainda parecer um sonho, para outros começa a se desenhar como realidade. A Uber anunciou esta semana nos Estados Unidos que começa, já ano que vem, seus testes pelo projeto de transporte aéreo Uber Air.
A gigante fez o anúncio na terceira edição do Uber Elevate Summit, no Ronald Reagan Building, em Washington, DC, ocasião em que divulgou Melbourne, na Austrália, como a primeira cidade-piloto fora do território americano a aplicar os testes.
Além da cidade australiana, também Dallas, no estado americano do Texas, e Los Angeles, na Califórnia, receberão os primeiros voos-teste previstos para 2020. Pela previsão da Uber, as operações comerciais terão início a partir de 2023. O evento, realizado nesta terça e quarta-feira (12) na capital americana, reúne uma comunidade global de construtores, investidores, formuladores de políticas públicas e colaboradores do governo focados na implementação do transporte aéreo urbano.
Além do anúncio de Melbourne para os testes do Uber Air, a empresa revelou detalhes inéditos dos skyports, ou pontos de pouso, bem como da cabine do Uber Air. A proposta com o Uber Air, segundo a empresa, é "aliviar o congestionamento dos transportes no solo e inaugurar a mobilidade aérea urbana". "A visão de longo prazo prevê veículos elétricos seguros e silenciosos, transportando dezenas de milhares de pessoas pelas cidades pelo preço de uma viagem Uber X na mesma distância", diz a companhia.
Para a gerente-geral regional da Uber na Austrália, Nova Zelândia e norte da Ásia, Susan Anderson, a "abordagem moderna para o compartilhamento de viagens e a tecnologia de transporte do futuro" adotadas pelos governos australianos foram fundamentais para a escolha de Melbourne.
"Isso, juntamente com os fatores demográficos e geoespaciais únicas de Melbourne e a cultura de inovação e tecnologia, fazem dela a perfeita terceira cidade de lançamento da Uber Air", definiu.
"A Uber Air possui um enorme potencial para ajudar a reduzir o congestionamento viário. Por exemplo, a jornada de 19 km do CBD [distrito comercial central] para o aeroporto de Melbourne pode levar de 25 minutos a uma hora de carro em horário de pico, mas, com o Uber Air, levará cerca de dez minutos", promete o diretor global do Uber Elevate, Eric Allison.
Apesar dos esforços em implementar soluções tecnológicas, a cidade australiana está longe de ser um modelo de mobilidade: três em cada quatro de seus moradores contam apenas com o seu carro para chegar ao trabalho - o que causa atrasos significativos nas principais rotas. Em todo o país, não é diferente: os congestionamentos custam em média à Austrália, por ano, US$ 16,5 bilhões; até 2030, a previsão é que esse valor chegue aos US$ 30 bilhões.
O modelo da cabine apresentado tem capacidade para quatro pessoas e mira se tornar um padrão aceito pelos pilotos de eVTOL (veículo elétrico para pouso e decolagem verticais). A cabine pode ser mudada para atender a diferentes desenvolvedores, é pensada para ser manufaturável e foi projetada com requisitos de certificação em mente, segundo a Uber.
Já os skyports (pontos de pouso) estão sendo elaborados por oito gigantes da arquitetura e engenharia e preveem minimizar a geração de ruído, abraçar o uso de materiais sustentáveis e planejar conscientemente o uso de energia.
Para o seu programa Uber Elevate, no qual o Uber Air está inserido, a Uber estabeleceu uma gama diversificada de parcerias: desde fabricantes de aeronaves como a Embraer, a Aurora Flight Sciences (agora uma subsidiária da Boeing), a Pipistrel Aircraft, Bell e Karem Aircraft a acordos de Ato Espacial com a NASA: um para o desenvolvimento de conceitos de gerenciamento de tráfego e sistemas aéreos não-tripulados e um segundo para explorar novos conceitos e tecnologias para a mobilidade urbana aérea.
A empresa ainda assinou um acordo cooperativo de pesquisa e desenvolvimento com o Comando de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia do Exército dos EUA, Army Research Lab, para auxiliar no desenvolvimento de veículos e testes para a Uber Air.
UOL