Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento estão a hipertensão arterial, o diabetes, a obesidade, o histórico familiar e o envelhecimento
Goiás possui 4,9 mil pacientes renais crônicos em tratamento de hemodiálise pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), referentes a 2023. Para o tratamento, a pasta aumentou em quatro unidades a rede de Terapia Renal Substitutiva (TRS), o que elevou para 36 o número de estabelecimentos com esse serviço no Estado.
No País, eram mais de 155 mil pessoas, em 2023, conforme o Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). O número representa um aumento de 57,6% de brasileiros que dependem da hemodiálise para sobreviver nos últimos dez anos. Este crescimento preocupa especialistas e chama a atenção para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença renal crônica (DRC), especialmente entre grupos mais vulneráveis. Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento da DRC estão a hipertensão arterial, o diabetes, a obesidade, o histórico familiar e o envelhecimento.
No entanto, a hipertensão merece atenção especial, destacam especialistas. Pedro Junqueira, médico urologista com doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), afirma que a doença, muitas vezes assintomática, lesiona os vasos sanguíneos dos rins de forma silenciosa. “Quando o problema aparece, o órgão já está comprometido.”
Sobre a hipertensão, o médico cita que ela atinge cerca de 38 milhões de brasileiros adultos, segundo o Ministério da Saúde. “É essencial que pacientes com hipertensão incluam em seus exames de rotina um teste de creatinina, que avalia indiretamente a função renal, e um exame de urina simples, que detecta perda de proteína. Esses são os primeiros sinais de lesão nos rins”, orienta, sinalizando que, a depender do caso, a hemodiálise será a única solução.
As sessões de hemodiálise – tratamento que substitui artificialmente a função dos rins – costumam ser realizadas de duas a três vezes por semana, com duração média de quatro horas. “É um procedimento desgastante, que impõe mudanças profundas na rotina do paciente e da família. O mais grave é que, na maioria dos casos, a progressão da doença poderia ter sido evitada com acompanhamento adequado”, afirma Junqueira.
Especialistas apontam que a prevenção começa com hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, prática regular de atividade física, controle do peso e abandono do tabagismo. Além disso, a conscientização sobre a saúde renal precisa entrar na pauta da atenção básica.
“A doença renal crônica cresce em ritmo alarmante no Brasil e o caminho mais eficaz para frear essa curva é a prevenção. A data mundial do rim, celebrada em março, e o Dia da Hipertensão, em maio, são oportunidades de colocar o tema no centro do debate”, conclui Junqueira.