Suspeito de cometer uma chacina no DF está foragido da polícia há 17 dias. Nessa quinta, dois homens foram presos acusados de ajudá-lo
Uma carta supostamente escrita por Lázaro Barbosa, 32 anos, onde ele se diz “ungido de Deus” foi entregue à polícia de Goiás nesta sexta-feira (25/6). Extenso e com vários erros de português, o texto dá detalhes sobre a vida dele
A redação contém inicialmente um pedido de desculpas aos parentes que sofreram com as ações dele. “Eu pesso (sic) perdão às famílias das vítimas”, teria escrito.
Em outro momento Lázaro lembra da infância dele na Bahia. Ele diz que sofreu muito e trabalhava bastante para “ganhar 5 reais”. No texto, ele descreve o pai como ausente e chegava em casa constantemente bêbado.
Mais adiante, a suposta carta passa a dizer que a história de que ele tem ligações com rituais religiosos não procede. “Não faço macuba (sic) temo ao meu Deus”.
Inclusive, Lázaro diz que não foi encontrado ainda por ajuda de Deus e diz que a polícia precisa mudar a mentalidade dela para pegá-lo. “Talvez assim Deus permita que vocês me pegem (sic)”.
Nesta sexta-feira (25/6), completa-se 17 dias de buscas ao homem, acusado de matar quatro pessoas de uma mesma família no Incra 9, em Ceilândia, e espalhar terror em zonas rurais do DF e de Goiás.
Dois homens foram presos nessa quinta-feira (24/6), apontados como comparsas de Lázaro. Elmi Caetano Evangelista, 74, e Alain Reis de Santana, 33, proprietário e caseiro de uma chácara em Girassol (GO) agiram para esconder o foragido.
Desde as prisões, que ocorreram no fim da tarde dessa quinta, a propriedade está cercada por integrantes da força-tarefa.
Por volta das 17h de quinta-feira, uma equipe da Polícia Militar fazia diligências na zona rural de Girassol para localizar o homicida em fuga. Os militares haviam recebido informações de que o dono de uma fazenda não havia autorizado, na noite anterior, a entrada dos policiais em sua propriedade rural.
Quando os policiais chegarem ao local, os helicópteros da PMGO e da PMDF sobrevoavam a região, ao mesmo tempo que o caseiro da fazenda, identificado como Alain, deixava a sede residencial. Nesse momento, os militares se aproximaram e viram uma pessoa entrando na mata.
Ao indagarem Alain sobre quem era aquela pessoa, ele afirmou ser Lázaro Barbosa, o qual, rapidamente, fugiu. Os policiais solicitaram apoio para o local. Perguntado se existiam armas de fogo na fazenda, o caseiro informou que sim, mostrando duas armas e 49 munições de calibre .22 LR no interior de um quarto.
As equipes constataram que uma das armas de ar comprimido foi modificada mecanicamente para disparar munição de calibre .22, que, segundo Alain, pertencia ao patrão, Elmi Caetano. O armamento, no entanto, ficava à sua disposição. Questionado sobre a presença de Lázaro Barbosa naquele local, Alain relatou que o criminoso estava pernoitando na fazenda há mais de cinco dias e que o viu diversas vezes, inclusive portando uma espingarda e um telefone da marca Samsung
O caseiro também informou que Lázaro está dormindo e fazendo refeições, almoço e jantar, diariamente na sede da fazenda, com o consentimento de Elmi Caetano. Pontuou, ainda, que a mãe do suspeito trabalhou como caseira para Elmi Caetano e que, quando o maníaco estava preso, o dono da propriedade ajudava financeiramente a família do foragido.
Os cães policiais estiveram no local e, após apresentado a um dos animais uma amostra do odor de Lázaro Barbosa, este acusou positivamente, indicando que o psicopata, realmente, esteve no local e escapava para a mata, em direção a um córrego.
Alain narrou que ouviu Elmi Caetano gritando em direção à mata: “Vem almoçar, Lázaro!”. E, à noite, quando se ausentavam, o dono da fazenda gritava: “A porta vai ficar aberta!”.
Além disso, Alain apontou à equipe um local, às margens do córrego, onde Lázaro fumava maconha rotineiramente. Afirma ainda que o foragido chegou nos primeiros dias com a perna machucada. Atualmente, porém, está em boas condições de saúde, pois recebe apoio de Elmi Caetano. E ressaltou que o fazendeiro deixa as portas da casa abertas no período noturno para Lázaro Barbosa entrar livremente.