Além de perder casas e plantações, moradores de comunidades ilhadas estão enfrentando aumento de casos de dengue e Covid-19
O número de cidades goianas em estado de emergência por conta dos estragos da chuva subiu para 15 nesta terça-feira (4/1). Comunidades inteiras continuam ilhadas na zona rural, estradas estão com atoleiros, rios transbordaram, pontes estão comprometidas e até a travessia por barco é considerada perigosa em alguns pontos.
A última cidade a entrar na lista de mais afetadas pelas chuvas foi Nova Roma, município da Chapada dos Veadeiros. Outros 14 municípios do nordeste goiano, estão em estado de emergência desde final de dezembro.
São eles Alto Paraíso, Colinas do Sul, Teresina de Goiás, Cavalcante, Monte Alegre, Campos Belos, Divinópolis, São Domingos, Iaciara, Formoso, Niquelândia, São João d’Aliança, Guarani de Goiás e Flores de Goiás.
O prefeito de Nova Roma Eleuses Gonzaga (Podemos), contou ao Metrópoles que três comunidades rurais estão isoladas na cidade, sendo que uma delas é quilombola. A prefeitura tem levado água e alimento para esses locais com ajuda do governo estadual.
Das quatro saídas da cidade, apenas uma está transitável, que liga até a vizinha Iaciara. A GO-241 está cheia de atoleiros e dois pontos da estrada foram tomados pelos rios Areia e Pedras, segundo o prefeito. Esses dois rios costumam ser atravessados mesmo sem ponte, mas, com a cheia, se tornou impossível a passagem.
Uma outra saída, para a cidade de Campos Belos, é feita por uma balsa que cruza o rio Paranã. No entanto, como o nível da água está muito alto e a correnteza forte, o transporte de embarcação foi fechado. A saída para Alto Paraíso também está interditada, de acordo com o prefeito.
A situação também é crítica na zona rural de Monte Alegre de Goiás, onde, além da destruição de casas e plantações pela chuva, também há relatos de moradores com sintomas de febre e diarreia após a tempestade.
“Muitas pessoas estão dando febre, ficando com a boca amarga, começando tipo uma gripe. Eu mesma fiquei assim oito dias. Meu pai saiu daqui passando mal”, contou a diretora de escola Lourdes Fernandes de Souza, de 37 anos, que mora na comunidade Riachão e lamenta a falta de uma unidade de saúde próxima.
A reportagem apurou que Cavalcante, Teresina e Monte Alegre estão com muitos casos de dengue e Covid-19 na região rural. O assunto foi discutido em reunião entre representantes das prefeituras nesta terça.
Há 14 comunidades quilombolas Kalungas em Monte Alegre, que são afastadas umas das outras, mas interligadas pela comunidade central Riachão. Agora, os moradores dessas comunidades têm dificuldade não só de chegar na cidade, mas de visitar as comunidades vizinhas.
O acesso tem sido feito de barco ou caminhonetes que se arriscam no atoleiro. Em alguns pontos, cestas básicas foram transportadas em tambores boiando na água que cobria a estrada. Mas até o barco é considerado arriscado, quando o rio está com muita correnteza.