Paciente, um homem de 41 anos que viajou à Espanha, está em isolamento no Hospital Emílio Ribas, na Zona Oeste da capital
O primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil foi confirmado nesta quarta-feira (8) na cidade de São Paulo. O paciente, um homem de 41 anos que viajou à Espanha, segundo país com o maior número de casos da doença, foi colocado em isolamento no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na Zona Oeste da capital.
O Instituto Adolfo Lutz está analisando a amostra. À TV Globo, médicos disseram que, pela análise clínica, os sintomas e a características das feridas são muito compatíveis com os efeitos da doenças. O paciente está bem.
O secretário da Saúde do estado, Jean Gorinchteyn, confirmou as informações e disse que o resultado pode sair nesta quinta-feira (9).
Em nota, a secretaria estadual da Saúde disse que "as amostras do caso ainda estão em análise pelo Instituto Adolfo Lutz" e que o paciente "teve início dos sintomas, como febre e mialgia [dor muscular], no dia 28 de maio".
A secretaria municipal da Saúde disse que ainda "aguarda o resultado do exame, pelo Governo do Estado, do segundo caso suspeito de varíola do macaco (monkeypox) na capital". A pasta destacou que "trata-se de um homem de 41 anos e que, segundo investigação preliminar, passou por Portugal e Espanha no mês de maio".
Além deste caso, a Prefeitura de São Paulo informou que monitora o estado de saúde de uma mulher de 26 anos, sem histórico de viagem ao exterior, hospitalizada com suspeita de ter contraído a doença. Segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), a paciente passa bem. Familiares e pessoas próximas à ela também estão sendo acompanhados pela gestão municipal.
Em nota divulgada nesta quarta (8), o Ministério da Saúde informou que oito casos estão em investigação em todo o país. Segundo a pasta, Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e São Paulo têm um caso suspeito cada um, e há ainda dois casos em monitoramento em Rondônia e outros dois em Santa Catarina.
Neste domingo (5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou ter confirmado 780 casos de varíola de macacos em todo o mundo. Os dados correspondem ao intervalo entre 13 de maio e 2 de junho e leva em conta apenas pacientes identificados em locais em que a doença não é endêmica. Segundo a entidade, não houve mortes relatadas.
A OMS disse que a varíola dos macacos traz um "risco moderado" para a saúde pública mundial depois que casos foram relatados em países onde a doença não é endêmica.
“O risco para a saúde pública pode se tornar alto se esse vírus se estabelecer como um patógeno humano e se espalhar para grupos mais propensos a risco de doenças graves, como crianças pequenas e pessoas imunossuprimidas”, disse a OMS.
A organização diz que não há recomendação de uso de vacina da varíola para casos de varíola dos macacos.
Os sintomas iniciais da varíola dos macacos costumam ser febre, dor de cabeça, dores musculares, dor nas costas, gânglios (linfonodos) inchados, calafrios e exaustão.
"Depois do período de incubação [tempo entre a infecção e o início dos sintomas], o indivíduo começa com uma manifestação inespecífica, com sintomas que observamos em outras viroses: febre, mal-estar, cansaço, perda de apetite, prostração", explica Giliane Trindade, virologista e pesquisadora do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo.
"O que é um diferencial indicativo: o desenvolvimento de lesões – lesões na cavidade oral e na pele. Elas começam a se manifestar primeiro na face e vão se disseminando pro tronco, tórax, palma da mão, sola dos pés", completa Trindade, que é consultora do grupo criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para acompanhar os casos de varíola dos macacos.