Pesquisa Datafolha nas 5 regiões do país revelou ainda que 44% dos entrevistados tiveram problemas emocionais durante a pandemia de Covid-19
Cansaço, fadiga, dificuldade de concentração, perda do sono, medos inexplicáveis e preocupações constantes são sintomas que aparecem em quem convive com ansiedade ou depressão. Segundo o instituto de pesquisas Datafolha, esses dois tipos de transtorno de saúde mental afetaram mais mulheres e jovens entre 16 e 24 anos durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil.
Para o levantamento, que faz parte de uma campanha realizada pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata) e Viatris, empresa global de saúde, foram entrevistadas 2.055 pessoas nas cinco regiões do país. Os resultados mostram que 56% dos jovens e 53% das mulheres relataram sintomas de depressão e ansiedade no decorrer da pandemia. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O estudo revelou também que 44% dos entrevistados declararam ter enfrentado problemas emocionais e que apenas 53% consideram muito importante oferecer ajuda a quem enfrenta a doença. Ainda segundo o levantamento, 10% dos participantes da pesquisa não souberam agir diante de um conhecido com depressão ou ansiedade.
Os dados também mostram que 62% das pessoas com um dos dois transtornos têm com quem contar quando precisam e que quase todos os entrevistados (96%) acreditam que uma rede de apoio ajuda na recuperação.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, a psiquiatra Alexandrina Meleiro, que faz parte do conselho científico da Abrata, afirmou que, além do suporte de familiares e amigos, as pessoas que têm ansiedade e depressão precisam de ajuda especializada. Entretanto, ela afirmou que o governo ainda não presta esse tipo de serviço de forma adequada.
“Na maioria das unidades de saúde não há atendimento psicológico ou psiquiátrico. As pessoas que procuram esses serviços com sintomas de pânico, de depressão e de ansiedade voltam para casa sem ajuda adequada”, ressaltou a especialista.
Ainda segundo a psiquiatra, o cuidado com a saúde mental é uma das formas de prevenção a casos mais graves de saúde pública, como o suicídio – segunda causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos em todo o mundo. “Praticamente todos aqueles que tentam ou cometem esse ato têm alguma doença psiquiátrica. As estatísticas mostram que mais da metade deles estava em acompanhamento médico até uma semana antes do episódio”, disse ao jornal paulista.