Plano de saúde disse que houve aumento nos gastos com procedimentos nos meses de julho e agosto. Prestadores de serviço e usuários temem que atendimentos sejam comprometidos
O Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo) reduziu em 50% a cota dos atendimentos eletivos, que não são considerados urgentes. O motivo alegado aos prestadores de serviço foi que houve um aumento muito grande nos gastos com procedimentos nos meses de julho e agosto. Com isso, seria necessário adotar medidas para manter o equilíbrio financeiro.
Hospitais, clínicas, laboratórios e bancos de sangue que fazem atendimentos pelo plano de saúde informaram, em uma carta aberta aos usuários, que foram pegos de surpresa com a decisão, que atinge mais de 600 mil pessoas.
Segundo o comunicado, eles foram informados da decisão na última segunda-feira (6) por mensagem de texto.
“A decisão não levou em conta os tratamentos que ficaram represados durante a pandemia, suspensos pelo próprio instituto. Na prática, isso significa que a assistência aos usuários será severamente comprometida, já que, em razão da demanda represada e da redução de cotas, a rede assistencial não terá condições de realizar exames, procedimentos médicos e cirurgias não emergenciais, mas de intervenção imprescindível”, diz o comunicado dos prestadores de serviço.
Em nota, o Ipasgo informou que nos últimos meses, “devido à demanda reprimida causada pela pandemia, os prestadores de serviço aumentaram excessivamente os gastos com procedimentos. Em razão disso, o limite orçamentário do plano de assistência foi extrapolado”.
Somente guias de urgência poderão ser atendidas sem a necessidade de respeitar o limite das cotas. Se clínicas e laboratórios, por exemplo, usarem a nova cota de atendimento da semana em um único dia, não será possível marcar nenhum procedimento no restante dos dias.
A situação preocupou os usuários. “Não é um plano tão barato quanto as pessoas pensam. Todos os usuários pagam e está preocupante a situação”, disse a farmacêutica Natália Madeira de Siqueira.
Para quem não mora na capital, a situação pode ser ainda mais complicada. “Para a gente que mora no interior, é quase que tirar o direito ao atendimento, porque o número de cotas já era muito reduzido”, disse a professora Dorceli Santos Gontijo.
O presidente da Associação dos Hospitais de Goiás, Haikal Helou, disse que o corte nas autorizações é preocupante devido à demanda de atendimento represado devido à pandemia. “Houve uma economia gigantesca de recursos durante a pandemia com o cancelamento de procedimentos eletivos. Então, o que está acontecendo, nós não sabemos”, disse.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Goiás (Sindipúblico), Nylo Sérgio, disse que pediu uma reunião com a direção do plano de saúde para tentar reverter a situação. “Doença não escolhe dia nem hora para chegar. Não deixaremos que o servidor pague essa conta”, afirmou.
O Ipasgo informou que “as ações visam não comprometer a continuidade da prestação de serviço dos prestadores e, também, a saúde dos beneficiários do Instituto”.