O estudo afirma que, depois de idade, peso e sexo, um gene específico é o fator mais crucial para determinar risco de ter Covid-19 grave
Desde o início da pandemia, os especialistas buscam compreender por que algumas pessoas são tão afetadas pelo vírus Sars-CoV-2 enquanto outras não. Pesquisadores da Universidade Médica de Bialystok, na Polônia, podem ter chegado perto da resposta: eles identificaram um gene que dobraria o risco de alguns pacientes desenvolverem quadros graves da Covid-19 e, até mesmo, morrerem.
Em uma coletiva de imprensa feita nessa quarta-feira (12/1), a equipe do estudo afirmou que, depois de idade, peso e sexo, um gene específico é o fator mais crucial para determinar o risco grave de Covid-19. Eles também acreditam que a descoberta pode ajudar médicos a identificarem quais pacientes correm mais risco e precisam de tratamento intensivo caso sejam hospitalizados.
“Depois de mais de um ano e meio de trabalho foi possível identificar um gene responsável por uma predisposição a ficar gravemente doente com coronavírus”, declarou Adam Niedzielski, ministro da Saúde da Polônia.
A investigação analisou cerca de 1.500 pessoas infectadas pelo vírus. Foi observado em algumas delas a presença desta variante genética, que faz parte do cromossomo número 3, capaz de agravar os casos e até mesmo levar à morte dos pacientes. Ainda de acordo com os cientistas, 14% dos poloneses apresentam esse gene, mas no resto da Europa a percentagem é de cerca de 9%.
“A presença da variante genética aumenta em duas vezes as chances de ser infectado ou até mesmo de morrer de Covid-19”, afirmou Marcin Moniuszko, professor e líder do estudo, durante a coletiva.
De acordo com os pesquisadores, um teste genético relativamente simples poderia ser usado para identificar pessoas com o gene de risco. E, além disso, o exame é capaz de ajudar a encontrar os pacientes que, se infectados, podem ficar muito doentes antes mesmo que a infecção ocorra.
“O teste viabilizaria tanto novos tratamentos com maior eficácia, e até mesmo preventivos, quanto novos estudos sobre doses adicionais de vacinas para casos de pacientes específicos”, garante Moniuszko.
Um dos objetivos dos cientistas é encorajar aqueles que carregam o gene a se vacinarem contra a Covid-19, já que apenas metade dos poloneses estão imunizados. A pesquisa ainda não foi publicada em revista científica, apenas apresentada em coletiva pelo líder do estudo.
Outros estudos
Em novembro, cientistas da Universidade de Oxford disseram ter identificado a versão de um gene que pode estar associado ao dobro do risco de insuficiência pulmonar durante a Covid-19. Os britânicos acharam um pedaço de DNA que impede as células pulmonares de combaterem o vírus.
O gene, chamado LZTFL1, dobra o risco de morte por Covid-19. Segundo o estudo, mais de um em cada seis britânicos e europeus pode ter a informação genética.