Delegado Waldir foi questionado sobre áudio no qual também chama presidente de 'vagabundo'. 'Somos que nem mulher traída. Apanha, não é? Mas mesmo assim volta ao aconchego', afirmou.
Deputado Delegado Waldir, líder do PSL na Câmara, concede entrevista em Brasília nesta quinta (17) — Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo
O líder do PSL na Câmara, deputado Delegado Waldir (PSL-GO), afirmou nesta quinta-feira (17) não ter "nada" para usar contra o presidente Jair Bolsonaro. Disse também querer "pacificar" a bancada do partido.
Waldir deu a declaração ao ser questionado sobre a gravação na qual afirmar querer "implodir" Bolsonaro, a quem chamou de "vagabundo". Ele participava de um almoço do presidente do PSL, Luciano Bivar, com aliados.
Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo em uma rede social na noite desta quinta-feira, mas não comentou a crise envolvendo o PSL.
Segundo Waldir, a declaração, dada em meio à crise que atinge o PSL, foi feita em um "momento de emoção".
"O que o senhor tem para implodir o presidente?", indagou um jornalista.
"Nada. É só questão de... É uma fala de emoção, né? Um momento de sentimento", respondeu o líder.
"É uma fala num momento de emoção, né? É uma fala quando você percebe a ingratidão. Tenho que buscar as palavras. Tenho que buscar as palavras", acrescentou.
Questionado, então, se a crise passou, Delagado Waldir respondeu: "Nós somos Bolsonaro. Nós somos que nem mulher traída. Apanha, não é? Mas mesmo assim ela volta ao aconchego".
Na sequência, o deputado declarou ser possível "pacificar" a bancada do PSL. Segundo ele, os 53 parlamentares votarão "integralmente" conforme os interesses do governo.
"Não tem nenhuma ruptura, não tem nenhuma perseguição, não tem nada", completou.
Crise no PSL
O PSL enfrenta uma crise que envolve o comando da legenda, o Palácio do Planalto e os parlamentares no Congresso.
Desde a semana passada, as alas ligadas a Bolsonaro e ao presidente do partido, Luciano Bivar, travaram uma disputa interna.
A crise começou quando o presidente da República se dirigiu a um apoiador e o pediu para "esquecer" o PSL porque Bivar está "queimado para caramba".
Disputa pela liderança
Delegado Waldir é ligado a Luciano Bivar. Nesta quarta, o líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), ligado a Bolsonaro, anunciou uma lista para tirá-lo do posto e pôr Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República.
Logo em seguida, porém, Waldir conseguiu uma outra lista, para retomar o posto.
Mais cedo, nesta quinta-feira, a Câmara dos Deputados validou a lista que mantém Delegado Waldir na liderança do PSL na Câmara.
Também nesta quinta, o presidente Jair Bolsonaro tirou a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) do posto de líder do governo no Congresso. Joice assinou a lista que devolvia a Waldir a liderança do PSL.
Cabe ao líder de bancada, por exemplo, orientar o voto dos deputados conforme os interesses do partido; indicar representantes da legenda nas comissões; e articular com os parlamentares a atuação política no Congresso.
Relação de Bolsonaro e BivarA colunista do G1 e da GloboNews Andréia Sadi informou que Luciano Bivar tem dito a aliados que a relação entre ele e Bolsonaro "não tem volta".
Questionado nesta quarta-feira sobre o assunto, Bolsonaro afirmou que "nunca" teve relação com Bivar. Em seguida, disse que havia feito uma brincadeira.
Luciano Bivar, por sua vez, divulgou um texto nesta quarta afirmando, sem citar nomes, que "interesses pessoais" têm criado "fatos artificiais".
Com informações: G1