Dupla planejava roubar a vítima, mas não queria deixar pistas. Por isso, o homem preso e o adolescente apreendido decidiram executar o homem.
Os autores do latrocínio – roubo seguido de morte – que vitimou motorista de aplicativo Roosevelt Albuquerque da Silva, 31 anos, deram detalhes da ação criminosa aos policiais da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho). A vítima foi obrigada a ficar de joelhos antes de ser atingida por três disparos de arma de fogo, todos na nuca. Hudson Maldonado, delegado do caso, resume o crime como “covardia e barbárie”.
Duas pessoas foram detidas: Whallyson Maicon Lima, 22 anos e um adolescente. “Foram três disparos na nuca. O maior ordenou que a vítima se ajoelhasse quando de forma covarde atirou na nuca exatamente porque o calibre 22 é menos potente e, acertando na nuca, ele sabia que ali não tinha a calota craniana e haveria a perfuração. Então, com três tiros na nuca, a vítima ficou caída no local”, detalhou o delegado-chefe da 13ª DP.
Os suspeitos disseram aos policiais que iriam vender o carro da vítima no interior de Goiás. “Foram em busca do dinheiro e do carro, sem se importarem com a marca do veículo nem o quanto de dinheiro a vítima tinha em sua posse”, acrescentou Maldonado.
O policial explicou que o que era para ser um roubo evoluiu a latrocínio porque os acusados não queriam deixar pistas. “Mantando seria mais difícil de serem descobertos. Uma total desvalorização da vida humana. Whallyson era ficha limpa, mas o menor se considerava o ‘bambambam’ do roubo de veículos. Dizia que era o melhor”, completou o policial em entrevista.
A viagem
O motorista fez sua última viagem por volta de 22h30 na terça-feira (1º/12). Segundo a esposa de Roosevelt , Juliana Simplício Rodrigues, 35, o casal tinha um pacto para que ele não trabalhasse até muito tarde, por considerar as viagens tardias um risco desnecessário.
Pouco antes de aceitar o chamado que acabou sendo fatal, o motorista enviou uma mensagem à esposa avisando que conseguiria buscar os filhos na Vila Planalto, por volta das 23h. Depois disso, a vítima não deu mais sinal de vida.
“Ele nunca atrasa. Com certeza viu que era uma corrida curta e aceitou. Quando deu 23h07, meu filho mais velho já mandou mensagem avisando que o pai não tinha aparecido”, relata Juliana.
Juliana e o pai de Roosevelt passaram a noite de terça-feira procurando informações em hospitais e delegacias. O corpo de Roosevelt foi encontrado no Polo de Sobradinho naquela mesma noite. Na manhã seguinte, a família recebeu a missão de confirmar se o cadáver, com um tiro na cabeça, era o motorista.
“Encontraram o corpo dele sem documento, celular, carro… Nada. Acho que fizeram isso por causa do carro dele, que era pouco usado”, especula Juliana. Nessa quarta (2/12), a equipe da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho) prendeu um adulto e apreendeu um adolescente, acusados de terem cometido o latrocínio. Todos os pertences de Roosevelt estavam com a dupla.
A vítima trabalhava como motorista de aplicativo havia apenas uma semana. De acordo com a esposa, não foi possível nem retirar o dinheiro do tempo trabalhado.
“O aniversário do nosso filho mais novo é agora, dia 8. [Ele] Estava trabalhando para ter um dinheiro para pagar a comemoração”, lamenta a mulher. “Acho que ele era melhor pai do que eu sou mãe. O [filho] mais novo só dormia com ele. Não sei como vou fazer”, emociona-se a viúva.
Horas antes de saber que os autores do latrocínio foram presos pela Polícia Civil, ela disse ao Metrópoles esperar, ao menos, que os responsáveis pelo crime fossem encontrados para pagar pelo que fizeram. “Não dá para um pai de família sair para trabalhar e acontecer isso. Quero justiça”, afirmou.
Crime desvendado
De acordo com as investigações conduzidas pela 13ª DP, Roosevelt teria pegado passageiros na área central de Brasília, minutos antes de desaparecer, e os levaria até Sobradinho.
Após a prisão dos autores, Hudson Maldonado explicou ao Metrópoles que foi possível localizar a dupla de criminosos a partir do rastreamento da corrida pelo aplicativo. “Chegamos até a residência do autor maior de idade, onde foram encontradas a chave do veículo, carteira e celular, além da arma utilizada no crime”, detalhou o delegado.
O suspeito mostrou onde estava o carro e também entregou o comparsa, o adolescente. Whallyson foi autuado em flagrante e poderá pegar pelos crimes de latrocínio e corrupção de menores, [cujas penas vão] de 21 a 30 anos de reclusão. O menor foi levado à Delegacia da Criança e do Adolescente.