Há incertezas quanto à data e o local onde esses pedaços vão cair. Risco de atingir regiões habitadas é considerado baixo, dizem especialistas.
Desde abril, um foguete chinês está retornando à Terra sem saber onde ou quando chegará. A possibilidade mais provável é de que isso aconteça já neste sábado (8). Porém, embora seus destroços possam chegar a uma área habitada, o risco é extremamente limitado, dizem os especialistas.
Veja abaixo perguntas e respostas sobre a queda de destroços de foguete chinês
Em 29 de abril, a China lançou o primeiro módulo de sua futura estação espacial, Tianhe ("Harmonia Celestial"), com o foguete Long March 5B. O primeiro módulo deste poderoso ônibus espacial é o que agora está retornando à Terra.
Sua trajetória está fora de controle porque seus designers imaginaram que ele iria se desintegrar na atmosfera naturalmente. O problema é que devido à sua enorme massa, entre 10 e 18 toneladas, o foguete dificilmente será totalmente destruído.
As partes mais leves certamente vão evaporar, mas dado o tamanho do objeto, algumas peças permanecerão inteiras, de acordo com Florent Delefie, astrônomo do Observatório Paris-PSL.
Além disso, se o foguete for feito de materiais que não se desintegram ao entrar na atmosfera — o que parece ser o caso — o risco é maior, disse o astrônomo.
"A China deveria ter previsto um retorno controlado com um retrofoguete, como os russos fizeram quando desorbitaram a estação Mir", comentou à AFP Nicolas Brobrinsky, chefe do Departamento de Engenharia e Inovação da Agência Espacial Europeia (ESA).
A única certeza é que o objeto está em uma órbita inclinada de 41 graus em relação ao equador da Terra, portanto, só pode cair na faixa entre as latitudes 41 dos hemisférios Norte e Sul, que inclui, por exemplo, grande parte da América Latina, sul da Europa e África.
No entanto, como afirma Pequim, o mais provável é que os restos do foguete caiam no mar, que ocupa 70% do planeta, ou em uma área deserta.
A probabilidade de impacto numa área habitada é insignificante. "Menos de um milhão sem dúvida", assegura o responsável da ESA. Mesmo se os destroços caíssem sobre as casas, a velocidade do impacto seria relativamente baixa (cerca de 200 km/h).
Nada a ver com o impacto de um meteorito (36 mil km/h). No entanto, para uma pessoa, o impacto pode ser fatal, de acordo com Delefie.
Em 2020, os restos de outro foguete Long March atingiram várias aldeias na Costa do Marfim, causando danos, mas sem deixar feridos.
De acordo com dados da NASA de janeiro de 2020, existem cerca de 20.000 objetos em órbita terrestre com tamanhos maiores que 10 cm, que são monitorados por radares e telescópios.
Em 60 anos de voo espacial, cerca de 6 mil entradas descontroladas de grandes objetos feitos pelo homem na Terra foram registradas e apenas uma atingiu uma pessoa, sem feri-la, de acordo com o especialista da ESA Stijn Lemmens.