Jovens conseguiram retornar ao país na última quinta-feira (16/11)
Atraída por uma proposta de trabalho sedutora em Bangcoc, na Tailândia, divulgada nas redes sociais, Nathalia Belchior Munhoz, de 25 anos, moradora de Ribeirão Pires (SP), decidiu apostar todas as fichas no que, acreditava até ali, seria uma grande oportunidade para mudar o patamar de sua vida e, sobretudo, de suas filhas. Afinal, viveria em uma das capitais mais agitadas do mundo, num país de praias paradisíacas, e havia a promessa de que ganharia, por mês, US$ 1,5 mil dólares – cerca de R$ 8 mil, para um trabalho simples, em um call center.
Para a primeira viagem a um país desconhecido, resolveu convidar o amigo, Patrick da Silva Palma de Lopes, também de 25 anos, para acompanhá-la. Eles embarcaram no dia 12 de julho. Começava ali, já no desembarque, o que a família define hoje como um pesadelo, que se estenderia pelos quatro meses seguintes. Sob ameaça armada de uma milícia asiática, eles foram sequestrados, tiveram meios de contato limitados e, vítimas de tráfico humano, foram obrigados a trabalhar em um esquema internacional de extorsão, em condições análogas à escravidão.
Nesta quarta-feira (16), o caso teve um desfecho. Nathalia e Patrick desembarcaram no Brasil e voltaram para casa. Mas o caminho percorrido até um final feliz foi longo. "Estamos exaustos", definiu o pai, Cristiano de Lima Munhoz, à reportagem. Ele e a mãe, Vanessa Aparecida Munhoz contaram a reportagem sobre a tensão vivida nos últimos 4 meses, do cárcere até a libertação. Antes, Cristiano falou sobre o alívio de voltar a ter as filhas nos braços.– Vivemos uma mistura de sentimentos durante a expectativa da chegada deles. Momentos de felicidade, nervosismo, angústia, choro. Ao vê-los e tocá-los, tudo isso foi desmoronando. O alívio de saber que eles estavam salvos de um país que se encontra em guerra civil, violento, um ambiente inóspito. Tanta coisa negativa, com o Natal chegando e minha filha do meio prestes a ter um bebê... imagina a minha situação – relatou, emocionado. – Quando desembarcaram, foi uma emoção só. Sensação de alívio, paz e gratidão a Deus. Eu ganhei um presente de Deus!