Na manha desta sexta-feira (13/09), os trabalhadores terceirizados que prestam serviços à Equatorial Goiás, responsáveis pela manutenção da rede de energia elétrica no estado, iniciaram uma greve geral, após a ausência de acordo na quarta audiência de conciliação realizada no Tribunal Regional do Trabalho de Goiás (TRT-GO).
As equipes terceirizadas estão paralisadas em todo o estado, afetando a execução de diversas atividades. Em Formosa-Goiás os serviços interrompidos são os de obas, manutenção de rede, faixa e poda, e ligações de redes novas.
Já os serviços de corte, leitura e religação, estão funcionando normalmente no município. A audiência, presidida pelo vice-presidente do TRT-GO, desembargador Eugênio Cesário, ocorreu na última quarta-feira (4/9), com a participação de representantes do Sindicato dos Trabalhadores na Construção e Manutenção de Rede e Distribuição de Energia Elétrica no Estado de Goiás (Sindtelgo) e das empresas terceirizadas que prestam serviços à Equatorial: Dínamo Engenharia Ltda, Elcop Engenharia Ltda, Control Construções S.A. e PSE Projetos e Serviços de Engenharia Ltda. Mesmo com a tentativa de mediação do Tribunal, não houve consenso entre as partes.
Os trabalhadores, que atuam diretamente na rede elétrica de Goiás, pedem um reajuste salarial de 35%, aumento no vale-alimentação e melhorias nas condições de trabalho. Em contraproposta, durante a primeira audiência realizada na segunda-feira (30/8), o TRT sugeriu um reajuste de 15% e aumento do vale-alimentação para R$ 50,00. No entanto, na audiência desta quarta-feira, as empresas ofereceram apenas 3,69% de reajuste e um vale-alimentação de R$ 35,00, valores que os trabalhadores consideraram insuficientes.
Para o desembargador Eugênio Cesário, que presidiu a audiência, “não se pode admitir a depreciação remuneratória, mesmo tratando-se de trabalhadores terceirizados. É necessário valorizar a categoria”. Diante da falta de acordo, o caso agora será levado ao Tribunal Pleno do TRT-GO, que poderá decidir por uma sentença normativa em substituição à convenção coletiva entre as partes.
Com a paralisação, 100% das atividades consideradas não essenciais foram interrompidas, incluindo leitura de medidores, cortes de energia, novas ligações e obras de expansão da rede elétrica. No entanto, foi acordado que 50% do efetivo será mantido para atender às demandas essenciais, como manutenções urgentes na rede elétrica. Em casos de emergência, esse contingente pode ser reforçado, caso necessário.
Dione Oliveira, presidente do Sindtelgo, destacou a importância do movimento grevista e o caráter urgente das reivindicações. “Nossa luta é para trazer dignidade aos eletricitários. Não temos mais condições de rifar a vida dos trabalhadores. Nos últimos 90 dias, perdemos cinco colegas em acidentes de trabalho”, declarou.
Posição das EmpresasDo lado das empresas, a advogada do Sindienergias-GO, Valéria Pelá, que representa o sindicato patronal, destacou que o piso salarial praticado em Goiás é 21% maior do que o de outros estados, o que, segundo ela, já representa uma valorização da mão de obra no estado. Com o reajuste proposto pelas empresas, essa diferença subiria para 28%, argumentou a advogada, invocando a lei de mercado para justificar a proposta de reajuste mais baixo.
Apesar dos argumentos apresentados, o movimento grevista se consolidou. O Tribunal Regional do Trabalho também determinou que os grevistas devem respeitar o direito de ir e vir dos trabalhadores que não desejem aderir à paralisação, além de proibir qualquer ação que possa colocar em risco a integridade física das pessoas ou o patrimônio das empresas.