O Ministério da Justiça determinou, nesta terça (15/3), que as plataformas suspendam imediatamente a exibição do filme
O Globoplay e o Telecine classificaram como “censura” a determinação do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) sobre o filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, lançado em 2017 com Danilo Gentili e Fábio Porchat.
Em nota enviada ao Metrópoles, a plataforma de streaming da Globo diz que não irá retirar a obra de seu catálogo, contrariando a medida estabelecida pelo governo para todas as empresas do ramo.
“O Globopay e o Telecine estão atentos às críticas de indivíduos e famílias que consideraram inadequados ou de mau gosto trechos do filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, mas entendem que a decisão administrativa do Ministério da Justiça de mandar suspender a sua disponibilização é censura. A decisão ofende o princípio da liberdade de expressão, é inconstitucional e, portanto, não pode ser cumprida”, diz a nota enviada à imprensa.
“As plataformas respeitam todos os pontos de vista, mas destacam que o consumo de conteúdo em um serviço de streaming é, sobretudo, uma decisão do assinante – e cabe a cada família decidir o que deve ou não assistir. O filme em questão foi classificado, em 2017, como apropriado para adultos e adolescentes a partir de 14 anos pelo mesmo ministério da Justiça que hoje manda suspender a veiculação da obra”, completa o comunicado.
O não cumprimento da medida pode resultar em multa diária de R$ 50 mil, como determinou Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública, com base em dados da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).
A Netflix ainda não se pronunciou se vai retirar o filme de seu catálogo. Até a tarde desta terça-feira (15/3), a obra é a 4ª mais vista na plataforma global.
Entenda
O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou, nesta terça-feira (15/3), em caráter cautelar, que as plataformas com direitos de distribuição do filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola” suspendam imediatamente a exibição do longa-metragem. Se as empresas não cumprirem a decisão da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) em cinco dias, podem ser penalizadas com multa diária de R$ 50 mil.
A pasta comandada pelo ministro Anderson Torres alega que a suspensão é aplicada “tendo em vista a necessária proteção à criança e ao adolescente consumerista”. São citados, para embasar a decisão, o Código de Defesa do Consumidor e a Constituição Federal.
Anderson Torres criticou o filme no fim de semana, ao afirmar que ele tem “detalhes asquerosos”. O ministro adiantou, então, que a pasta iria adotar “providências cabíveis” para o caso.
Nos últimos dias, o filme lançado há cinco anos tornou-se alvo de críticas nas redes sociais por incentivar a pedofilia, na visão de muitos internautas. Diante disso, o roteirista e ator do longa, Danilo Gentili, retrucou os comentários negativos, em seu Twitter, ao afirmar que o “maior orgulho” de sua carreira é ter conseguido “desagradar com a mesma intensidade tanto petista quanto bolsonarista”.
O colunista Leo Dias, do Metrópoles, apurou que o humorista do SBT tem procurado pessoas próximas para explicar a polêmica. Nas conversas, Gentili enfatiza que a discussão sobre pedofilia, presente no longa, vem sendo tirada de contexto.
A história do filme narra como o personagem Pedro encontra um diário que ensina a provocar caos na escola, sem ser pego, e resolve seguir as dicas com seu amigo Bernardo. A narrativa é baseada no livro de Danilo Gentili, lançado em 2009, que leva o mesmo nome.
Na cena mais polêmica, que viralizou no último domingo (13/3), Cristiano, personagem de Fábio Porchat, aparece tentando seduzir dois meninos. Mediando um conflito entre os garotos, o vilão diz: “Vamos esquecer isso tudo, deixar isso de lado? A gente esquece o que aconteceu e, em troca, vocês batem uma punheta pro tio”.