Em situação análoga ao trabalho escravo, homem sequer tinha água tratada para beber, ingerindo sempre de um córrego
Um funcionário de uma fazenda do município de Monte Alegre de Goiás, nordeste do estado, foi resgatado no mês de abril após passar 16 anos sem receber salário.
O homem de 43 anos trabalhava como cuidador de búfalos e outros animais criados na fazenda.
A força-tarefa de resgate ocorreu por meio do Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Federal (PF), no dia 11 de abril.
Mantido em situação análoga a trabalho escravo, o homem se mantinha por meio de auxílios concedidos por programas de transferência de renda e de dinheiro doado por terceiros.
A Carteira de Trabalho nunca havia sido registrada, e direitos direitos trabalhistas e previdenciários como Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), férias remuneradas e 13º salário não eram garantidos.
Segundo o MPT-GO, ele morava em uma casa velha e insalubre.
Não recebia equipamentos de proteção individual (EPI) e adquiria as ferramentas de trabalho por conta própria.
Consumia água de um córrego, sendo que os animais criados na propriedade ingeriam água do mesmo local.
As refeições eram preparadas em condições precárias de higiene.
Apesar de contar com fogão a gás, no momento da operação não havia botijão na fazenda, o que obrigava o homem a cozinhar em um fogão à lenha improvisado.
Após o resgate, o homem foi levado até a casa de parentes e, imediatamente, o Centro de Referência em Assistência Social (Cras) do município foi acionado pela equipe da força-tarefa, para que recebesse o devido suporte, inclusive psicológico.
Apesar de ter sido notificado a apresentar os documentos necessários e resolver a ilegalidade, o empregador não compareceu à audiência administrativa agendada pela força-tarefa.
O MPT-GO informou que tomará as medidas necessárias para garantir a reparação dos direitos do trabalhador.
Já por parte do MTE, serão lavrados os autos de infração em relação às irregularidades constatadas, com previsão de multa e outras penalizações. Foi emitido o requerimento de acesso ao seguro-desemprego de trabalhador resgatado, correspondente a três parcelas de um salário mínimo.