O bispo de Formosa, Dom Adair José Guimarães, que pediu em oração que Nossa Senhora livrasse o país do comunismo, afirmou durante outra missa, realizada em outubro de 2024, que o Brasil vive uma ditadura. Segundo ele, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estariam sendo perseguidos, presos, exilados ou tiveram suas redes sociais suspensas. Ainda conforme o religioso, o país seria governado por pessoas “que agem de forma ímpia e não garantem a liberdade”.
“Somos um país mergulhado numa ditadura, onde não se tem mais liberdade, onde temos milhares de pessoas sofrendo com processos sem direito ao contraditório”, afirmou o bispo.
Na pregação, Dom Adair citou o caso de uma mulher condenada a 17 anos de prisão após os atos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Ela foi responsável por pichar a frase “perdeu, mané” em uma estátua que representa a Justiça. O bispo questionou a severidade da pena e destacou que a ré é mãe de duas crianças pequenas, sem direito a cumprir prisão domiciliar.
Também fez uma comparação com a investigação contra a ex-mulher do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, condenada por corrupção. “A esposa do corrupto do Rio de Janeiro, que pegou 400 e tantos anos de cadeia e já está solto, e ela, que pegou mais de 80 e já está solta por causa dos filhos, esses têm direitos. Hoje, no Brasil, é beneficiado quem é do lado estranho, mas quem defende família, liberdade, religião, fé, propriedade privada parece que não tem mais direito”, disse.
No caso de Adriana, a defesa conseguiu autorização para ela cumprir parte da pena em casa devido à necessidade de cuidar dos filhos.
O bispo afirmou também que o Brasil tem hoje presos e exilados políticos, o que, segundo ele, não condiz com a prática democrática. Para ele, líderes que defendem publicamente a democracia e o Estado de Direito agem como ditadores.
No fim de semana, durante o evento religioso Desperta Brasil, em Brasília, dom Adair José Guimarães pediu durante a oração que Nossa Senhora livrasse o país do comunismo. Na ocasião, equiparou o comunismo a problemas como a fome, as doenças e a guerra.
A fala dividiu opiniões. Enquanto parte do público presente no Estádio Nacional Mané Garrincha aplaudiu, outros fiéis criticaram o discurso nas transmissões ao vivo destacando que política não deveria ser discutida em eventos religiosos.