Beethoven foi agredido com um tiro no olho em março deste ano
Um juiz da 2ª Vara da Comarca de Granja, no interior do Ceará, aceitou um processo que foi assinado por um cachorro vítima de maus-tratos. Beethoven foi agredido com um tiro no olho em março deste ano.
O suspeito alegou que o cachorro avançou nele e, por isso, desferiu o disparo que atingiu o olho do animal. O homem foi preso em flagrante por policiais do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) da Polícia Militar do Ceará (PM-CE). A corporação ainda encontrou duas armas artesanais na casa dele.
Guido de Freitas Bezerra, o magistrado que aceitou a ação, permitiu que o animal colocasse a impressão digital da patinha para validar o processo. Além disso, o juiz determinou que o agressor mantenha um distanciamento mínimo de 200 metros do cachorro. Em caso de descumprimento, ele pode pegar multa de R$ 50 mil.
A situação é um caso inédito no Brasil e pode servir como precedente para novas situações. O juiz justificou que há um entendimento de outros países, como Alemanha, Portugal, Equador e Bolívia, que consideram que animais são passíveis de direitos. No Brasil, entretanto, essa discussão ainda não é concreta.
O advogado José Moura Neto foi quem defendeu Beethoven. Ele foi responsável pela ação e contou o porquê decidiu redigir a ação no nome do cachorro e não no de João Cordeiro da Silva, dono do animal.
“A nossa missão aqui é dar uma lição, porque o Brasil não tolera mais maus-tratos. O animal entrando com a ação mostra que ele é sujeito de direito. Por sofrer, ele tem direito de estar em juízo”, lembra o advogado.
O juiz reconheceu e validou a importância do documento. “É o Judiciário reconhecendo que o animal é um ser que sofre. É inédito, porque um animal nunca teve uma ‘medida protetiva’ com a culminação da multa”, destaca José Moura Neto.
Após isso, o magistrado solicitou que o titular da ação passasse de Beethoven para o tutor dele.