População teme sair de casa e empresário só abriu o restaurante a pedido dos policiais que buscam por Lázaro Barbosa, apontado como autor da chacina de Ceilândia
A pacata cidade de Edilândia, pouco antes de Cocalzinho (GO), viu a rotina mudar da noite para o dia depois que Lázaro Barbosa, 33 anos, apontado pela Polícia Civil do Distrito Federal como o autor da chacina de uma família de Ceilândia refugiou-se na região para escapar das forças de segurança.
A cidade, muito simples, se organiza às margens da BR-070 entre residências, comércios de beira de estrada, chácaras e fazendas distribuídas no terreno acidentado. Contudo, o silêncio da pacata cidade deu lugar ao som das hélices dos dois helicópteros que sobrevoam a região em busca de Lázaro Barbosa. As ruas foram tomadas pelo vaivém de viaturas.
Entre os moradores, o clima é de tensão e medo. A família do mecânico Sirlon Belchior, 48 anos, decidiu que não ficaria em casa. Foi todo mundo para a oficina onde ele trabalha. "Tenho medo pela minha família e meus vizinhos. Aqui todo mundo se conhece. A preocupação maior é com a forma como ele age (violenta)", diz o mecânico.
A oficina de Sirlon fica ao lado do posto de gasolina que foi convertido em base de operações da força-tarefa que atua na captura de Lázaro. Além de policiais civis e militares do DF, integrantes das duas forças goianas, agentes da Polícia Rodoviária e da Polícia Federal trabalham de forma integrada nas buscas ao criminoso.
Ali ao lado também fica o restaurante self-service de Leandro Santos, 31 anos, que só abriu as portas a pedido dos policiais. "É aterrorizante, está todo mundo com medo desse cara", diz Leandro. "Nem dormi essa noite, não tenho nem um estilingue em casa".
Na última semana, Lázaro Barbosa matou uma família em uma chácara em Ceilândia Norte. Nos dias seguintes, passou a invadir propriedades e fazer pessoas reféns, além de atirar em três vítimas.
A chacina de Ceilândia ocorreu na madrugada de quarta-feira (9/6). Segundo a polícia, Lázaro é suspeito de ter invadido a casa da família e matado, a tiros e facadas, o empresário Cláudio Vidal, 48, e os dois filhos, Gustavo e Carlos Eduardo Marques Vidal, 21, e 15 anos, respectivamente. Na fuga, ele levou a mulher de Cláudio e mãe dos jovens, a empresária Cleonice Marques, 43.
Minutos antes da entrada do criminoso, Cleonice pediu socorro ao irmão, por telefone. Quando ele chegou, os sobrinhos estavam mortos e o cunhado, agonizando, avisou que o criminoso tinha levado a mulher dele. Dois dias depois do crime, o corpo de Cleonice foi encontrado em um córrego próximo à BR 0-70.