Segundo as investigações, grupo praticava e incitava crimes contra negros e judeus
A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) prenderam nesta quinta-feira (16) quatro pessoas na Operação Bergon, contra um grupo extremista que fazia apologia ao nazismo e disseminava ódio a negros e a judeus em redes sociais. Os integrantes conversavam até sobre a compra de armas.
As prisões foram em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense; em Valença, no Centro-Sul do RJ; e em Campinas e Suzano, na Região Metropolitana de São Paulo. Lá, a polícia apreendeu facões, arco e fechas e livros sobre o nazismo.
Agentes saíram para cumprir, no total, quatro mandados de prisão e 31 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
As investigações duraram sete meses e começaram após um alerta do Cyber Lab e da Homeland Security Investigations (HSI), órgãos do governo dos EUA.
Ainda em maio, a partir dessas informações, agentes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) prenderam um suspeito. A polícia apreendeu com ele um computador, um telefone e quatro videogames. Na análise dos aparelhos, agentes da Dcav descobriram que ele mantinha contato com adultos e menores.
O suspeito integrava grupos de WhatsApp cujos membros se autodeclaram nazistas, ultranacionalistas e nacional-socialistas.
O nome da operação faz alusão à freira francesa Denise Bergon, que usou seu convento para abrigar crianças judias entre alunos católicos durante a Segunda Guerra Mundial, evitando que fossem capturadas pelos nazistas.
Em nota, a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj) disse que os policiais "agiram com precisão e rapidez e conseguiram reprimir, antes de qualquer acontecimento, ato terrorista".
Confira abaixo a íntegra da nota:
Na FIERJ, desde as primeiras horas desta manhã, temos acompanhado, com a Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público, a operação no nosso estado e os desdobramentos em outras unidades da Federação.
Alertados pelo Ministério da Justiça e Agências Internacionais, os policiais, após meses de investigação, agiram com precisão e rapidez e conseguiram reprimir, antes de qualquer acontecimento, ato terrorista.
Parabenizamos todos os envolvidos, que podem contar sempre com o apoio da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ).
Paralelamente, temos atuado para alertar que os discursos de ódio e a banalização do Holocausto, têm alimentado células nazistas, terroristas. São combustíveis para algo que não é da nossa cultura brasileira.
Seguiremos vigilantes, atentos às denúncias e à responsabilização dos envolvidos.
Questões como essa de hoje exigem investigação, inteligência e ação do aparato policial e posteriormente do MP e da Justiça.
Alberto David Klein
Presidente da FIERJ".