Polícia suspeita que morte tenha sido cometida por causa de um empréstimo de R$ 8 mil feito pela vítima para tratamento de câncer
Corpo estava concretado na cozinha da casa onde o casal vivia na Grande BH — Foto: Polícia Civil/Divulgação
A mulher de 62 anos suspeita de esquartejar e concretar o corpo do companheiro, de 55, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, já havia sido presa por causa de um atentado com soda cáustica contra a vítima em 2012. As informações sobre a investigação do crime foram divulgadas pela Polícia Civil nesta quarta-feira (01/09).
"Frieza incomum. Ela demonstra até um certo ódio quando fala de algumas coisas que agradavam à vítima", disse o delegado Fábio Werneck, que está à frente das apurações.
A mulher, que não teve o nome divulgado, negou para a polícia ter cometido o crime contra Dilson Bicalho. Mas, ao ser presa, ela apresentou versões conflitantes. Uma delas foi que, em 10 de agosto, dia anterior ao suposto desaparecimento, a vítima levou para casa um amigo, que teria passado a noite no imóvel. Ela alega que o companheiro saiu cedo, por volta das 5h, para ir ao Rio de Janeiro, e que ela foi para Belo Horizonte fazer compras. Depois disso, ela não teria visto mais o companheiro, com quem se relacionava desde 1996.
Mesmo assim, ela foi presa em flagrante por ocultação de cadáver e a prisão preventiva já foi pedida à Justiça.
Sobre o atentado de 2012, o delegado disse que a soda cáustica foi colocada em uma garrafa de água na geladeira. Na época, a mulher ficou detida por cerca de 90 dias e depois voltou para casa.
"Havia um boletim de ocorrência do ano de 2012, que relatava que a vítima tinha sofrido um atentado contra a sua vida, em que sua companheira teria colocado soda cáustica em uma garrafa d’água que estava na geladeira. A vítima ingeriu essa água com soda cáustica e foi parar no hospital, e a companheira acabou presa", disse o delegado.
Ela disse à polícia, agora, que antes de comprar a soda cáustica tinha sido agredida com um soco no olho, que causou-lhe cegueira.
Depois disso, a relação se tornou bastante conturbada, inclusive com "separação de corpos".
Para o delegado, além da relação conturbada do casal, o crime pode ter motivação financeira. De acordo com ele, o homem havia feito um empréstimo no valor de R$ 8 mil para o tratamento de um câncer de próstata e há suspeita de que a mulher queria ficar com o dinheiro.
O dinheiro não foi encontrado na casa onde eles viviam e agora é aguardada a quebra do sigilo bancário.
Um boletim de desaparecimento da vítima foi registrado no último dia 11. A polícia chegou até a suspeita depois de uma denúncia anônima. Ao chegar ao endereço indicado pelo denunciante, a polícia suspeitou que o corpo estivesse enterrado no quintal do imóvel. Entretanto, foi feita uma escavação inicial e nada foi encontrado.
"A investigada foi receptiva. Parece que ela não contava que o local onde o corpo foi enterrado fosse descoberto", disse o delegado.
De acordo com ele, a casa é pequena e simples, com quarto, sala e cozinha. Ao vistoriarem o interior do imóvel, os investigadores viram que havia um "pequeno retângulo de concreto fino, recente, estufado e trincado", sob uma mesa na cozinha.
Uma nova escavação foi feita até um objeto semelhante a um saco ser localizado. No local, também havia um cheiro forte. Segundo Werneck, depois disso, a perícia foi acionada, assim como militares do Corpo de Bombeiros.
O Corpo de Bombeiros utilizou picaretas, enxadas e pás para encontrar, no fundo de uma cova rasa localizada na parede da sala, os restos esquartejados da vítima.
"Foi descoberto o corpo esquartejado, dentro de um saco, coberto por cal, que parece ser da vítima que estava desaparecida", disse o delegado.
A perícia encontrou lesões no coração e próximo ao órgão, compatível com golpe de faca, além de fratura no crânio. A suspeita é que o homem estivesse vivo quando começou a ser esquartejado.
A participação de outra pessoa não é descartada pela polícia. "Ela é uma senhora de mais idade, pequena, franzina. E possível, sim, que ela tenha tido ajuda de outra pessoa. Mas não é impossível que ela tenha feito sozinha, com tempo", afirmou Werneck.