"Secretários estaduais acabam ficando sem referência no ministério”, aponta titular da Saúde em Goiás
Em um mês, o governo federal pode ter três ministros da Saúde. Luiz Henrique Mandetta deixou o cargo em 16 de abril. Nesta sexta-feira (15), foi a vez de Nelson Teich pedir demissão. Segundo especulado, o general Eduardo Pazuello é o mais cotado para assumir. Para Ismael Alexandrino, titular da pasta de Saúde de Goiás, essas trocas geram instabilidade nos entes federados, mas a secretaria seguirá da mesma forma, se relacionando com o Ministério da Saúde, independente de questão política.
“Uma das grandes estratégias da arte da guerra é conhecer bem o território, além de outras questões, as regras, os envolvidos – são condições fundamentais para o sucesso. Tendo em vista essa troca muito rápida do ministro, não deu tempo de conhecer o território, os entes. E toda essa troca de comando durante uma guerra, no caso, a pandemia da covid-19, gera uma instabilidade nos entes federados, os secretários estaduais acabam ficando sem referência no ministério”, exemplifica.
Ismael cita, ainda, que imagina que, ao menos, o segundo escalão e a parte técnica do ministério permaneçam. Então, “seguiremos da mesma forma”. Ele afirma que o governo continua a se relacionar com o ministério pelo diálogo, no sentido de dirimir qualquer questão, entrave, ou fomento de ação, independentemente de questão política.
“E [independente] de quem quer que esteja no comando da pasta, no sentido de fortalecer a permissão básica da gestão do SUS de ser tripartite. Ou seja, cada ente tem sua responsabilidade: União, Estado e municípios, com o ministério, o Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional dos Secretárias Municipais de Saúde)”, expõe.
Questionado se a troca pode prejudicar o Estado de alguma forma, ele não acredita. “Imagino que não haja grandes atrasos em relação à entrega da unidade do Hospital de Campanha de Águas Lindas”, aponta sobre um dos questionamentos e complementa: “Entrega administrativa, que não significa o início da operação, pois outros trâmites ainda dentro do Estado precisam acontecer. Mas não deve atrasar, não, pois a área técnica está bem ciente do passo a passo. Já está tudo acertado entre as partes.”
Teich
Nelson Teich assumiu o Ministério da Saúde após a saída conturbada de Luiz Henrique Mandetta. Como antecessor, ele estava em rota de colisão com Bolsonaro. Ele é contrário à flexibilização do contato social em meio à pandemia de coronavírus, como tem defendido o presidente.
Nelson Teich foi surpreendido nesta semana por novo decreto presidencial que ampliava as atividades consideradas essenciais. Salões de beleza, academias de ginástica e barbearias foram inclusas na lista, que recebeu críticas de governadores e especialistas.
Nesta sexta-feira (15), Teich se reuniu com o presidente e pediu demissão, o que foi seguido por uma breve do governo federal: “O ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração nesta manhã. Uma coletiva de imprensa será marcada nesta tarde.”
Nesta tarde, ele participou de uma coletiva de imprensa curta onde afirmou que foi sua escolha deixar o governo. Ao fim, ele declarou: “Aceitei porque achei que podia ajudar o Brasil, não pelo Cargo.”
Dia Online