Dona de casa acredita que recém-nascido pode 'estar por aí'. Quatro exames apontaram gestação dupla em moradora de Quirinópolis. Polícia apura caso.
Aline Parreira de Jesus recebeu apenas um bebê após exames mostrarem gestação de gêmeos, em Quirinópolis, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Após um mês do parto, a dona de casa Aline Parreira de Jesus ainda não tem respostas conclusivas sobre o que aconteceu durante seu parto, em Quirinópolis, região sul de Goiás. Mesmo depois de todos os ultrassons apontarem uma gestação de gêmeos, ela só recebeu um bebê. Aguardando o fim da investigação policial, ela ainda acredita que teve o segundo filho e sonha localizá-lo.
"Achei que eram dois [bebês] né. Acredito que ele está por aí. Tenho esperança de encontrá-lo", disse Aline em entrevista nesta quarta-feira (16).
Aline Parreira de Jesus deu à luz em 13 de setembro, no Hospital Municipal Antônio Martins da Costa. Uma câmera de segurança registrou que apenas uma criança saiu do centro cirúrgico onde aconteceu a cesariana.
A dona de casa diz que o sentimento ainda é de revolta e que não teve nenhuma informação sobre o que aconteceu logo após dar à luz.
Os exames de ultrassom foram periciados pelo Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia. O resultado do laudo foi inconclusivo, pois não foi possível afirmar se as imagens mostram o mesmo bebê em dois ângulos diferentes ou se são dois.
O documento será enviado à delegada Simone Casemiro Campi, responsável pelo caso, para que a investigação seja concluída. Ela já ouviu cerca de 15 pessoas no processo.
Aline Parreira de Jesus fez quatro exames de ultrassom que apontam gravidez de gêmeos;
Ela deu à luz em 13 de setembro, no Hospital Municipal Antônio Martins da Costa, em Quirinópolis, onde mora;
Dois dias depois, ela recebeu alta, saiu do hospital com duas declarações de nascimento, mas só com um filho;
Marido de Aline, Erivaldo Correia da Silva, deu queixa na delegacia, e a polícia começou a colher depoimentos.
Secretaria de Saúde confirmou que os exames mostravam a presença de gêmeos, mas que só nasceu um bebê;
Hospital alega que expediu duas declarações de nascimento por engano;
A médica que fez o parto diz que houve um erro no exame;
Pais da criança, médicos que fizeram as ultrassonografias e equipe que atuou no parto são ouvidos por delegada;
Prima de Aline que trabalha como técnica de enfermagem no hospital diz que foi chamada ao centro cirúrgico na hora do parto e viu que um bebê tinha nascido e não havia outro para nascer;
Delegada envia para o IML de Goiânia as ultrassonografias feitas por Aline;
Advogada da família vai ao Ministério Público pedir afastamento de delegada apontando “parcialidade”;
Laudo do IML dá inconclusivo.
Caso no MP
O caso é acompanhado também pelo Ministério Público Estadual, em Quirinópolis, após a advogada de Aline de Jesus pedir o afastamento da delegada. Sandra Garcia de Oliveira alega que a investigadora está agindo de "forma parcial" por ter uma "amizade íntima" com a obstetra que realizou o parto.
A delegada afirma que conhece a médica, que é sua ginecologista particular e que ambas têm uma "relação de convivência", mas negou que isso influencie na investigação.
O caso é acompanho por um promotor, que segundo o próprio MP, está de férias. De acordo com a delegada, o MP solicitou informações à delegacia. “Enviamos cópia do IP [Inquérito Policial]", informou.
'Reflexo'
Desde o início da investigação, a polícia trabalha com a possibilidade de erro de diagnóstico nos exames de ultrassom, apesar de que os quatro feitos por Aline antes do parto apontavam gestação de gêmeos.
A obstetra que fez o parto disse que a segunda criança era, na verdade, apenas o "reflexo" no líquido amniótico de um único feto que Aline esperava.
No entanto, o médico Waldemar Naves do Amaral, membro da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia e especialista em diagnóstico por imagem/ultrassonografia, acha pouco provável que o erro seja esse, já que foram feitas mais de uma ultrassonografia com mais de um médico e inicialmente em equipamentos diferentes.
O registro das duas certidões também é investigado pela polícia, pois, em tese, uma das crianças não existe. O hospital diz que houve um erro durante a troca de plantão e que foi expedido, na verdade, a mesma declaração em duplicidade para um único bebê.
Com informações: G1 Goiás