Fofa e simpática, menina impressiona por sua dicção desenvolvida além de sua idade e vem colecionando milhares de seguidores no TikTok
Alice é uma menina doce e meiga, mas é diferente das outras crianças. Com apenas 2 anos de idade, ela dá um show de desenvoltura nas redes sociais, e tem feito bastante sucesso. Ainda com poucos dentinhos, um dos primeiros vídeos da pequenina a fazer sucesso no TikTok foi sobre o carnaval. Com frases como “a pandemia não acabou” e “fiquem em casa”, conquistou o coração dos brasileiros e já coleciona mais de 700 mil seguidores.
Luiz Gustavo e Morgana estão juntos desde 2013. Ele, do Rio de Janeiro, e ela, do Rio Grande do Sul, mudaram para Londres (Reino Unido), em 2017, em busca de desafios profissionais e pessoais. Foi lá que, em 16 de maio de 2019, nasceu Alice. Pouco mais de um ano depois, a história de sucesso da família teve início. “Eu fazia alguns stories dela lendo os gibis e as pessoas ficavam impressionadas com ela, aí resolvi postar vídeos no TikTok e ela viralizou”, conta a mãe.
@morganasecco Aula de exercícios em casa com a Alice. #aliceflix #exerciciosemcasa
♬ original sound - Morgana Secco
Morgana contou que um dos segredos para a boa dicção da Alice é uma linguagem clara e objetiva. “Nós nunca fomos de falar com ela usando aquela voz de bebê que geralmente as pessoas falam, ou trocar o nome das coisas como “papa” para comida ou “auau” para cachorro. Nós conversamos com ela assim como conversamos entre nós”, e Luíz completa com mais uma dica, “outra coisa que fazemos diferente com ela é falar mais devagar e pausado para que ela possa compreender melhor e pegar as palavras”.
Com o mundo digital, é comum que as crianças tenham acesso a celulares e tablets, mas os pais de Alice não deixam que a pequenina tenha muito contato com esses objetos. “Eu uso meu celular para filmar ela, mas ela não pega no celular, apenas quando é para falar com a família no Brasil e fazemos videochamada. Mas, em relação à televisão, ela nunca assistiu. Então, durante o dia, ela fica brincando com as coisas, e ultimamente ela tem pegado muito nos livros. Nós lemos as historinhas para ela e, como ela decora, ela fica lendo sozinha depois”, explicou a mãe.
Por enquanto, Alice só fala a língua portuguesa em casa e, quanto ao sotaque, Luiz esclareceu como tem a menina tem falado em casa: “de vez em quando ela fala o ‘r’ mais carioca e depois o ‘r’ mais gaúcho, mas ainda no estilo Cabolinha”, brincou o pai.
Em entrevista ao Correio, a fonoaudióloga Ana Maria Morais explicou que os primeiros anos de vida das crianças são muito importantes devido à intensa atividade cerebral, fruto da interação entre as características biológicas e as oportunidades de experiência dos indivíduos. “As falas das crianças têm de ser estimuladas pelos pais e o modo como eles falam influencia a criança. Elas tendem a copiar modelos de sons e gestos, e ela ainda está passando por períodos de amadurecimento na produção de alguns fonemas, o que torna normal a dificuldade em pronunciar alguns sons em determinadas palavras”.
Segundo Morais, os cuidados dos pais da Alice em não deixá-la mexer com telas de celular faz toda a diferença. “Dentro do marco de desenvolvimento da linguagem, ela deveria estar falando palavras e frases mais simples com dois ou três enunciados, devido ao vocabulário que apresentam a ela, consegue copiar, mas talvez não saiba o significado de algumas, não sendo palavras funcionais para uma criança”. Quanto à repetição das palavras, a fonoaudióloga ainda completa: “Observa-se que a mãe ensina o significado e a função em suas atividades, sendo de extrema importância, não deixando que ela seja um papagaio de repetição, mas trabalhando também a compreensão, linguagem e fala”.
É importante sempre estar atento à fala das crianças. Caso os pais notem que ela apresente sinais de atraso na linguagem, é preciso que faça exames e avaliações com neuropediatras e fonoaudiólogos, pois é nesse período que ocorre a neuroplasticidade. “O desenvolvimento humano sofre influência contínua de fatores intrínsecos (genéticos) e extrínsecos (ambientais), que apresentam variações de um indivíduo para o outro e que torna variável o curso do desenvolvimento de cada criança, porém existem etapas que foram estabelecidas a partir de evidências científicas para nortear quanto ao desenvolvimento da linguagem esperado para cada idade”, finalizou Ana Maria.