Presidente também afirmou que o produto é para enfiar no "rabo" da imprensa
Em vídeo com ofensas à jornalistas, Bolsonaro (sem partido) diz que fará uma live, na quinta-feira (28), provando que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) gastou mais em leite condensado do que ele, em 2014.
A gravação foi feita em um encontro com seguidores, nesta manhã de quarta (27). A reação de Bolsonaro foi por causa de uma matéria que apontava uma série de gastos do governo federal, dentre elas, com leite condensado.
Segundo revelado pelo jornal Metrópoles, os gastos alimentícios somaram mais de R$ 1,8 bilhão em 2020. Além dos R$ 15 milhões gastos com leite condensado, foram R$ 2,2 milhões pagos em chicletes e R$ 32,7 milhões em pizza e refrigerante. O total gasto em alimentos em 2020 é 20% maior que em 2019.
Sob aplausos, ele diz que vai enfiar no “rabo” da imprensa as latas de leite condensado. “Não é para a presidência da república essa compra. Nossa fonte é outra”, argumenta.
Ele justifica, ainda, que os produtos foram para o Ministério da Defesa, da Cidadania e da Educação. Sobre os gastos com chiclete, ele diz que no Exército isso não é mordomia ou privilégio.
Na verdade, segundo o painel de compras, depois da Defesa (cerca de R$ 14 milhões), os três maiores gastos com leite condensado vieram das pastas da Educação (R$ 1 milhão), da Justiça (R$ 327 mil) e da Saúde (R$ 61 mil).
Boatos sugeriram, ainda, que uma empresa teria fornecido duas latas de leite condensado por R$ 162 cada. Segundo a Saúde Vida Alimentos Eireli, o contrato foi fechado com o Ministério da Defesa para o fornecimento de duas caixas, com 27 unidades de leite condensado cada, no valor de R$ 162 por caixa – e não por unidade.
“Em tempo, a empresa nunca fechou qualquer contrato no valor de 15 milhões para o fornecimento de leite condensado, para qualquer órgão do governo, tampouco fechou qualquer contrato no valor de 12 milhões como chegou a ser divulgado por alguns veículos de comunicação”, informou.
Destaca-se, a fornecedora informou, ainda, que contrato com o Ministério foi fechado por dispensa de licitação “em razão do valor ser abaixo de R$ 8.000”.
Sobre isso, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) usou as redes sociais para questionar: “Estão dizendo que pode ser a caixa com 20 ou 24 unidades, mas se o Governo faz compra grande cadê o menor preço de mercado? Quase 7 reais?”
O filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro também saiu em defesa dos gastos. Segundo ele, que citou somente o leite condensado, o produto “foi escolhido por ter virado de certa maneira uma marca do Presidente, presente até em seu café da manhã com John Bolton em sua residência no Rio durante a transição em 2018”.
Eduardo disse, ainda, que a maior parte da compra do item foi para o Ministério da Defesa, uma vez que é “indicado a quem faz muitas atividades físicas e serve de base para a elaboração de vários outros alimentos comuns a mesa dos brasileiros como bolos”.