História teve final feliz graças a ajudas de confeiteiras, que incentivaram, orientaram e até fizeram parte do processo
A confeiteira Tatiane Areco, de 36 anos, sofria com o luto pela perda do pai e, ao mesmo tempo, resolvia questões burocráticas de internação da avó, intubada por causa da mesma doença, em Campo Grande, quando recebeu no WhatsApp a mensagem de uma antiga cliente. A mulher pediu um bolo do Homem-Aranha e elas combinaram uma data de entrega. Só que o tempo passou e Tatiane não se lembrou nem da conversa e muito menos do bolo que teria de fazer.
"Trabalho nessa área há quatro anos. Tenho tudo anotado na minha agenda, jamais deixei de entregar uma encomenda", disse Tatiane ao G1.
É que no dia combinado, a cliente ficou nervosa e exigiu a entrega do doce — mas essa história tem um final feliz graças a ajuda de outras confeiteiras.
"Essa pessoa que pediu o bolo era cliente antiga e acho que justamente por isso ela poderia entender, só que exigiu a entrega de qualquer jeito. Ela ficou nervosa quando fui sincera e expliquei sobre o meu pai, minha avó e pedi somente um tempo para entregar o bolo."
Conforme a confeiteira, o falecimento do pai aconteceu no dia 29 de junho e da avó na última sexta-feira (9). "Foi nesse tempo que nós conversamos e eu realmente não me lembro dessa conversa. Só assustei neste fim de semana, quando ela tocou a campainha. Para ser sincera, quando a avistei, imaginei qualquer coisa, menos que ela fosse falar do bolo. Só que me aproximei e ela já falou: 'Oi. Vim pegar o bolo'. E aí eu voltei pra pegar o celular e achei a conversa que nem me lembrava", disse Tatiane.
Ao ver a mensagem, em que respondeu a todas as perguntas e até discutiu o recheio, Tatiane lembrou que combinou a entrega do bolo. Então, a confeiteira pediu para que a cliente lhe desse mais um tempo para entregar o doce pronto.
"Ela ficou muito nervosa nessa hora, muito brava mesmo, dizendo que também perdeu pessoas para a doença, só que não deixou de cumprir os compromissos dela. Falou também que a festa estava pronta, que era um absurdo o que eu tinha feito", disse Tatiane.
Neste momento, segundo o relato de Tatiane ao G1, uma familiar da cliente desceu do carro, questionando o que estava acontecendo. A confeiteira também prometeu ao marido que faria o bolo e levaria até a cliente ainda no mesmo dia.
"Ela [pessoa que saiu do carro] falou: 'não terá bolo tia, ela esqueceu do bolo'. E eu pedi mais um tempo, quando ela disse que não poderia buscar aqui na minha casa, no bairro Carandá Bosque. Depois, ela foi embora e eu falei para meu esposo que ia fazer e íamos levar o bolo na casa dela."
Em seguida, Tatiane passou a ligar para várias confeiteiras.
"Eu perguntei se ninguém tinha o bolo pronto ou ao menos a massa para fazer a decoração. Só que ninguém tinha e aí eu falei com umas profissionais muito bacanas, que eu nem conhecia. Elas disseram que eu ia dar conta, que iam me ajudar e ficaram ali o tempo todo me orientando no telefone, até eu me acalmar e dar conta de fazer o bolo."
Um confeiteira até fez uma parte do processo de montagem do bolo.
"Outra também parou tudo o que estava fazendo e fez o topo do bolo para mim."
Ao final, Tatiane conta que fez a entrega para a cliente, já com a festa de aniversário em andamento. E, ainda bem, foi recebida com acolhimento e compreensão — e recebeu até mais pela venda
"Naquele momento, ela parecia outra pessoa já. Não sei se estava sem graça pelo que tinha ocorrido, mas transferiu até um pouco a mais por conta da entrega. Naquele momento, me tratou com respeito. Eu só estou falando isso porque esperava mais compreensão, principalmente, por ser um cliente antiga. Se fosse alguém estranho eu nem falaria nada, mas é alguém que eu estava falando sempre e passar por este luto de pai e avó não é fácil", finalizou.
Maria heli gebrim da silva
Nojo de gente assim ...que nao tem compaixão com a dor do outro.