Três vezes por semana, Edilson ia até a escola da filha, a pé, para baixar o conteúdo que ela precisa para estudar em casa. Doação foi iniciativa de companhia de telecomunicação.
O mês das crianças tem sido especial para Nataly Santos da Silva, de 11 anos. Moradora de Arujá e estudando em casa por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a menina ganhou um presente esperado que serve como incentivo para ela e para o pai Edilson Rosário da Silva.
Depois de ter a história exibida no Jornal Nacional, eles foram presenteados com um pacote de banda larga, notebook e um celular com acesso à internet por um ano. Antes, para que a filha estudasse, o pai ia à escola dela três vezes por semana em busca de conexão para baixar as matérias.
"Está sendo muito espetacular. Está me ajudando bastante", comenta. "Essas doações que o pessoal está fazendo está me ajudando muito".
Edilson administra um rancho de cavalos, mas viu os clientes desaparecerem quando a quarentena começou. Faltou dinheiro para pagar internet para as aulas à distância da filha, que ele cria sozinho desde que a esposa faleceu em consequência de um aneurisma.
“Não dá por causa da dificuldade da epidemia que a gente está. Tem que pagar aluguel da baia e internet. Para nós, sai bem carinha, que é um orçamento que a gente nem imaginava ter ele agora. Aí aperta bastante”, disse o tratador de cavalos.
A doação foi iniciativa de uma companhia de telecomunicação, que se sensibilizou com o esforço do pai. Ao todo, 21 voluntários se uniram à empresa e fizeram questão de ajudar a família. Em um vídeo enviado pela Claro, Edilson, que ganhou até uma roçadeira, parece criança de tão feliz (assista acima).
Viúvo e precisando arcar com as despesas da família sozinho, Edilson viu a educação da filha ficar comprometida durante a pandemia. Com as aulas suspensas e sem condições de pagar internet para ela estudar em casa, ele encontrou uma solução: três vezes por semana, depois de fazer o trabalho no rancho, ele ia a pé até a escola da menina para usar o wi-fi.
A escola está fechada desde o começo da quarentena, mas as portas foram abertas para as famílias que não têm condições de pagar pela internet. Foi aí que o Edilson começou a bater ponto no colégio para baixar os vídeos com as aulas.
A jornada só terminava depois de quase uma hora andando até chegar em casa. Aí começa a da Nataly: as aulas remotas pelo celular de tela quebrada. Nessa hora, o tratador de cavalos que só conseguiu estudar até a antiga quarta série, vira professor e aluno.
“Às vezes eu também viro professor dele, que ele não sabe algumas coisas e eu ensino para ele”, diz a filha. “A divisão, eu sou rude nela porque é difícil. A Nata me ensinou porque a Nata sabe dezena, centena, unidade e eu não sei muito. Já a Nata me ensina bastante essa parte aí”, comenta o pai.
A menina vai treinando com o pai o que ela quer para o futuro.
“Quero ser professora”, conta Nataly.
Um sonho que também é do pai. “Eu quero que ela chegue mais longe. Onde eu não pude alcançar, eu quero que ela alcance. Essa jornada de estar indo lá, gravando vídeo lá na escola, fazendo aqui, também ela aprende e eu aprendo com ela”, diz o pai.
O programa Conexão Voluntária, que realizou a doação à família, tem como objetivo dar visibilidade ao que as instituições sociais precisam e, assim, criar um espaço de engajamento e disponibilidade dos colaboradores, familiares, amigos e clientes para contribuir, seja de maneira presencial ou à distância.