Marcelle Blaser, de 37 anos, acompanha casos mais graves da doença. Ela conta que se sente privilegiada por receber a imunização.
Marcelle Blaser mostra cartão de vacinação da Covid-19, na Irlanda — Foto: Marcelle Blaser/Arquivo pessoal
No último dia de 2020, a enfermeira goiana Marcelle Blaser, de 37 anos, recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19, em Dublin, na Irlanda, onde mora há quase 4 anos. Natural de Goiânia, Marcelle trabalha na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Saint James Hospital, o maior do país.
Por trabalhar na linha de frente no combate ao coronavírus e com casos mais graves da doença, a enfermeira foi uma das primeiras a ser imunizadas no hospital público universitário, onde a vacinação começou na quinta-feira (31). Para ela, a oportunidade de ser vacinada foi um presente de fim de ano.
“Me sinto realmente muito privilegiada e feliz, principalmente porque estamos aqui literalmente dando a vida. Terminar o ano vacinada traz a esperança de um novo ano melhor”, afirma.
Marcelle recebeu a primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech. A próxima aplicação do imunizante será no 21 deste mês.
Desde quinta-feira, a Irlanda vive um novo lockdown após números recordes de casos da doença. Só nesta sexta-feira (1º), o país, que tem menos de 5 milhões de habitantes, já confirmou mais de 1,7 mil novos casos e 11 mortes pela doença.
Atualmente, apenas os serviços essenciais podem funcionar, como hospitais, farmácias e mercados. Além disso, os moradores só podem sair em um raio de até 5 km de suas casas. Essa já é considerada a terceira onda da pandemia na Irlanda. A vacinação no país teve início do dia 29 de dezembro.
Marcelle conta que viveu dias angustiantes em junho de 2020. A mãe dela, que mora em Goiânia, foi diagnosticada com Covid-19 e teve 25% dos pulmões comprometidos.
“Enquanto ela doente aí, eu aqui trabalhando na UTI de Covid. Foi a pior época para mim aqui, porque eu não pude fazer muito. Ela ia no hospital quase todo dia com sintomas respiratórios, mas ainda bem não precisou internar, conseguiu se recuperar em casa”, conta.
A enfermeira não vê a família há 1 ano. Os pais dela planejavam visita-la na Irlanda em 2020, mas tiveram que desistir dos planos por causa da pandemia. No entanto, Marcelle tem esperança que isso seja possível nos próximos meses, por causa da vacina.
“A vacina foi um presente, porque apesar de não dar para estar com os parentes, estou começando o ano da melhor maneira possível, com esperança de dias melhores”, diz.
Marcelle tem um perfil nas redes sociais onde compartilha o dia a dia de sua profissão na Irlanda. Após tomar a primeira dose da vacina, ela fez uma publicação contando do momento que definiu como “histórico”.
“Foto de depois de 4 plantões seguidos: cansada, porém imunizada! Para mim, essa vacina hoje significa esperança que melhores dias virão”, escreveu.
Em uma série de vídeos, a enfermeira comentou sobre a vacinação e suas expectativas. “Apesar de ser um fim de ano difícil para todo mundo, os casos de Covid estão só aumentando, mas tem agora a esperança da vacina”, disse em um vídeo.