A Anvisa já aprovou a vacinação de adolescentes de 12 a 15 anos, mas o Ministério da Saúde optou pela suspensão da aplicação das doses
Depois de muita expectativa pelo início da vacinação contra a Covid-19 dos adolescentes com 12 a 17 anos, o Ministério da Saúde recuou e decidiu suspender a inclusão do grupo etário na noite de quarta-feira (15/9) sob a justificativa de que não há “evidências científicas sólidas” que justifiquem o início da imunização deles.
Mais de 20 países já vacinam pessoas com 12 anos ou mais, incluindo Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Chile, Israel e China após a aprovação das principais agências reguladoras. No Brasil, o imunizante da Pfizer/BioNTech é o único a ter autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso em adolescentes.
Veja cinco fatos que você precisa saber sobre a vacinação de adolescentes contra a Covid-19:
A vacinação é uma das principais estratégias para prevenir doenças e é apontada por especialistas em saúde pública como a ferramenta ideal para acabar com a pandemia de Covid-19. Estudos mostram que os imunizantes contra a Covid-19 aprovados pelas agências reguladoras previnem a doença, hospitalizações e mortes.
“Além de ser benéfico para os próprios adolescentes porque diminui as chances de ter a forma grave da doença, a vacina também evita uma coisa muito importante que é a circulação viral”, explica a infectologista Ana Helena Germoglio. “Quanto mais vírus circulando a gente tiver, mais longe vamos ficar da imunidade coletiva. Por isso, também precisamos vacinar os adolescentes”, afirma.
Atualmente, ele é o único a ter autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicado neste grupo etário. A Pfizer foi pioneira nos estudos clínicos com pessoas mais jovens e a primeira a pedir a aprovação da agência brasileira.
“Não quer dizer que as outras vacinas não sejam seguras. Para cumprir a liberação de vacina é preciso passar por uma série de critérios e a indústria farmacêutica deve solicitar a liberação”, explica Germoglio.
Os eventos adversos relatados com maior frequência durante os ensaios clínicos com adolescentes de 12 a 15 anos e de 16 anos ou mais são: dor no local da injeção, cansaço, dor de cabeça, calafrios, dor muscular, febre e dor nas articulações. Todos são considerados leves ou moderados.
De acordo com a Pfizer, os adolescentes têm maior probabilidade de apresentar efeitos colaterais após a segunda dose da vacina. Vale lembrar que cada organismo reage de uma forma aos imunizantes. Algumas pessoas sequer relatam qualquer alteração após a injeção.
Um dos argumentos do Ministério da Saúde para suspender a vacinação em adolescentes foram os recentes casos de miocardite relacionados às vacinas de RNA, como Pfizer e Moderna. Dois estudos publicados na revista científica JAMA mostram que os casos de inflamação no coração são considerados raríssimos e acontecem com menor frequência do que quando a pessoa é infectada pelo coronavírus.
Sim. Depois de concluir os estudos clínicos da vacina na população adulta, a Pfizer e a BioNTech testaram o mesmo imunizante em adolescentes de 12 a 15 anos. Ao avaliar os dados clínicos, o FDA concluiu que os benefícios da vacina superam os riscos.
Depende. O Ministério da Saúde recomenda um intervalo de 15 dias entre a aplicação da vacina contra Covid-19 e demais imunizantes para a população em geral. A orientação é feita para que seja possível distinguir possíveis efeitos colaterais da vacina.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA , no entanto, não vê problema na aplicação simultânea da vacina da Pfizer contra a Covid-19 e os imunizantes de rotina.