Ano novo, vida nova: conheça os principais efeitos da substância no organismo e saiba quais os benefícios para a saúde após uma semana, um mês, seis meses e um ano sem bebida alcoólica.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig) mostra que 55% da população brasileira têm o hábito de consumir bebidas alcoólicas. Nos últimos anos, atravessados pela pandemia de Covid-19, 17,2% desse montante declararam aumento do consumo associado a quadros de ansiedade graves por conta do isolamento social. E agora, a luta de muitos é para largar ou ao menos reduzir o álcool, uma meta de Ano Novo para muita gente. E você sabe o que acontece com o nosso corpo quando paramos de consumir álcool?
Primeiro, vamos entender o que o consumo constante de álcool pode causar.
A curto prazo:
A longo prazo, o álcool prejudica todos os órgãos, em especial o fígado (o fígado sofre uma sobrecarga para metabolizá-lo), e causa:
Para quem pratica atividade física:
O médico endocrinologista Guilherme Renke explica que o álcool reduz a capacidade de recuperação muscular. Além disso, sabe-se que associar exercícios a álcool pode aumentar a possibilidade de:
– As primeiras horas após o exercício são cruciais para a recuperação muscular. Portanto, o que você consome, especialmente após o treino, faz muita diferença. Um estudo mostrou que a ingestão de álcool prejudica as taxas de síntese de glicogênio muscular após o exercício. Esse resultado aparece principalmente devido aos efeitos indiretos do consumo de álcool: como os atletas estavam bebendo, eles não ingeriam carboidratos, conforme recomendado, para uma recuperação ideal – acrescenta Renke.
Em uma semana:
Em um mês
Em 6 meses
Em 1 ano
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) não existe um padrão de consumo de álcool que seja absolutamente seguro. O limiar de ingestão de álcool necessário para danos cerebrais é desconhecido. O impacto de um consumo moderado também ainda não está claro em relação aos efeitos do álcool sobre os desfechos cardiovasculares e cerebrais. Existem ainda dois problemas: toxicidade e superavit calórico. Do ponto de vista calórico, o consumo da álcool faz uma grande diferença na ingesta total calórica de uma pessoa. O álcool possui maior densidade energética (7kcal/g) do que o carboidrato, por exemplo (4kcal/g), assim o consumo exagerado do álcool, mesmo com restrição de alimentos, pode trazer prejuízo na composição corporal de um esportista. Ou seja, álcool engorda.
– Falando em efeitos tóxicos, o grande problema é o acetaldeído. Após a ingestão do álcool, duas enzimas do fígado, álcool desidrogenase (ADH) e aldeído desidrogenase (ALDH), começam a quebrar a molécula de álcool para que ela possa ser eliminada do corpo. O ADH ajuda a converter o álcool em acetaldeído. O acetaldeído permanece no corpo apenas por um curto período de tempo porque é rapidamente convertido em acetato por outras enzimas. No entanto, embora o acetaldeído esteja presente no corpo por um curto período de tempo, é altamente tóxico e conhecido como cancerígeno – explica Renke.
Para Roberta Genaro, médica atuante na área de nutrologia e medicina integrativa, palestrante e biohacker, o consumo de álcool afeta diretamente a nossa saúde, e há pesquisas que demonstram uma forte associação entre o consumo e doenças neurodegenerativas a nível de DNA. Em um estudo observacional feito por pesquisadores de Oxford com mais de 25 mil pessoas, foi demonstrado que existe uma forte relação entre o consumo de álcool e o processo de envelhecimento celular precoce.
– O álcool é uma droga psicoativa, ou seja, ele atua diretamente no cérebro como uma substância tóxica para o organismo, independente do tipo de bebida alcoólica consumida – comenta Roberta.
A recomendação, de acordo com o médico, é escolher não beber ou beber com moderação, limitando a ingestão a um máximo de duas bebidas (exemplo: duas long necks ou duas taças de vinho) por dia para homens ou uma bebida por dia para mulheres, nos dias em que o álcool é consumido.
– Na verdade, com a interrupção do consumo, evitamos o desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo hipertensão arterial, doença cardíaca, acidente vascular cerebral, doença hepática e problemas digestivos e problemas de saúde mental causados pelo álcool incluindo depressão e ansiedade – completa Renke.
Outro benefício apontado pelo endocrinologista, é a melhora do sono, o que também beneficia a recuperação de atletas. Outros estudos mostraram efeitos na função cognitiva na manhã seguinte e sugeriram aumento do risco de lesões musculares nas pessoas que consomem bebidas alcoólicas.
De acordo com a médica e biohacker Roberta Genaro, ao eliminarmos o álcool da dieta, a curto prazo melhoramos a nossa capacidade metabólica do fígado, trazendo mais energia, disposição e bem-estar ao organismo e, no longo prazo, favorecendo uma longevidade saudável e diminuindo o risco do aparecimento de doenças que podem ser ativadas pelo consumo de álcool.
– A curto prazo, eliminando o álcool e a famosa ressaca existe uma melhora na nossa capacidade cognitiva, capacidade de pensamento e raciocínio lógico. Além disso, diminui a retenção líquida, logo melhora a sensação de inchaço do corpo causado pelo acúmulo de água que sai dos vasos para o tecido subcutâneo – completa.
Alcoolismo
Roberta reforça que o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA) estabelece como dose padrão 14g de etanol puro e orienta as mulheres a limitarem seu consumo a uma dose por dia e, os homens, a até duas doses por dia. A ingestão acima desta quantidade já pode ser considerada "beber demais".
Segundo o Ministério da saúde, apenas um “sim” a algumas dessas perguntas sugere um possível problema e sinais do alcoolismo, sendo importante procurar ajuda:
– O álcool afeta diretamente os receptores celulares cerebrais e nível de DNA ligado a produção de neurotransmissores como serotonina e dopamina, implicando numa deficiência desses neuro-hormônios fundamentais para a felicidade e bem-estar. Logo, quanto maior o consumo de álcool, maior será a chance de piorar ou desenvolver algum grau de depressão – concluiu a especialista.