Países são os primeiros da América Latina a adotar tais medidas. Na Europa, diversos governos estão agindo para evitar a propagação de uma nova variante do vírus.
Profissional de saúde realiza teste rápido de Covid-19 em paciente em Vina Del Mar, no Chile, neste domingo (20) — Foto: Rodrigo Garrido/Reuters
A Argentina, a Colômbia, o Chile e o Peru decidiram fechar as suas fronteiras aéreas com o Reino Unido devido ao avanço da nova variante do coronavírus, sendo os primeiros países da América Latina a seguir o alerta europeu. A medida entra em vigor na Argentina, na Colômbia e no Peru nesta segunda-feira (21) e no Chile na terça-feira (22).
"O Governo Nacional dispôs a suspensão preventiva das entradas e das saídas dos voos com a Grã-Bretanha, à raiz da situação epidemiológica que esse país registra, após declarar a aparição de uma nova linhagem de Covid-19", anunciou a Presidência da Argentina em nota no domingo (20).
A exceção, esclarece o governo argentino, é o voo 245, da companhia British Airways, previsto para chegar a Buenos Aires na manhã desta segunda-feira. O avião já estava em pleno processo operacional em Londres quando a decisão foi anunciada.
"Os passageiros e a tripulação deverão cumprir uma quarentena de sete dias, depois de atenderem os requisitos exigidos para a entrada no país: um exame de PCR negativo e uma cobertura médica contra Covid", destaca o comunicado.
Para o isolamento dos passageiros e da tripulação do voo, o governo argentino montou uma operação especial para controlar a chegada e o deslocamento aos locais onde ficarão isolados.
"O Departamento Nacional de Migrações avisará às jurisdições nas quais passageiros e tripulantes ficarão para o estrito controle do isolamento obrigatório", explica a nota.
O Ministério da Saúde da Argentina também coordenará nesta segunda-feira uma reunião de emergência para avaliar a situação dos países vizinhos, especialmente do Brasil, onde o número de contágios voltou a crescer, alarmando os governos da região. Não se descarta um endurecimento das medidas de controle.
A capital Buenos Aires, depois de meses de queda nas infecções, voltou a registrar um leve aumento que, segundo as autoridades, não significa uma nova curva de contágios, mas a chegada ao platô.
"Estou preocupado com o que está acontecendo na América do Sul. Estão aumentando os casos em todos os países vizinhos", admitiu o ministro da Saúde argentino, Ginés González García.
Para o anúncio de suspensão dos voos da Colômbia com o Reino Unido, o próprio presidente Iván Duque falou à população e foi ainda mais abrangente do que as restrições da Argentina. Segundo ele, qualquer passageiro que tenha estado no Reino Unido e que tenha entrado na Colômbia nos últimos oito dias ficará em isolamento por duas semanas.
"Essas pessoas serão notificadas, a partir da informação migratória que possuímos. Peço a essas pessoas que, ao receberem esta informação, entendam a importância de ficar em isolamento por 14 dias", frisou o presidente.
O presidente colombiano também declarou que aqueles que tenham estado no Reino Unido entre nove e 14 dias atrás serão contatados para o acompanhamento de eventuais sintomas.
"Estas medidas são uma prevenção. Não são para gerar nem pânico nem uma preocupação", insistiu Iván Duque, tentando levar calma apesar do anúncio.
O governo chileno também anunciou a suspensão dos voos diretos, mas a partir de terça-feira (22). Além disso, qualquer passageiro estrangeiro não-residente que tenha estado no Reino Unido nas últimas duas semanas será proibido de entrar no Chile, independente da destinação inicial do voo. Aqueles que já entraram no Chile, mas que estiveram no Reino Unido nas últimas duas semanas, serão obrigados a cumprir uma quarentena de 14 dias.
O Chile vivia uma contínua queda de contágios até que um novo aumento de casos foi detectado há duas semanas, quando a região metropolitana de Santiago voltou à quarentena durante os fins de semana.
Os cientistas afirmam que a nova linhagem detectada no Reino Unido é capaz de ser transmitida 70% mais rapidamente do que a anterior. No entanto, os especialistas ainda não afirmam que a nova variante seja mais agressiva ou mais resistente, não tendo consequência num aumento da mortalidade.
"Como medida preventiva, não autorizaremos voos diretos ou com escala no Reino Unido até novo aviso", informou o Ministério dos Transportes e Comunicações na noite de domingo.
O Peru, um dos países mais castigados pela Covid-19 na América Latina, havia voltado a permitir a chegada de voos originários da Europa no último 15 de dezembro. Mas, desde então, nenhum avião vindo de Londres ou de outras cidades do Reino Unido pousaram no país, indicou o governo peruano
Desde que a restrição foi relaxada, apenas passageiros originários de Madri, Barcelona e Amsterdam desembarcaram no país. No entanto, o governo peruano indicou que acompanha a propagação da nova variante do coronavírus na Europa e não descarta restabelecer as medidas.