Mãe, meu sonho era que essa dose tivesse sido em você', escreveu Letícia em cartaz
Glória Durães Ferreira deixou o esposo Nelson e os filhos Leonardo, Leandro e Letícia. — Foto: Arquivo pessoal
Após perder a mãe para a Covid-19, Letícia Ferreira, de 30 anos, resolveu fazer do dia de vacinação um momento para prestar homenagem. A mãe de Letícia, Glória Durães Ferreira, de 55 anos, morreu em abril deste ano, antes de conseguir receber o imunizante.
No sábado (14), Letícia levou um cartaz para o posto de vacinação, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, e não conteve as lágrimas ao tomar a dose.
"Mãe, meu sonho era que essa dose tivesse sido em você, mas não deu tempo, pois a vida não espera. #vacinasim", escreveu Letícia em cartaz.
Nesta semana, Letícia fez um apelo para que as pessoas valorizem a oportunidade e tomem a vacina contra a Covid-19.
"Eu queria falar para as pessoas que estão em dúvida se vacinam ou não: Vacine sim! Vacina salva vidas. Pense que você está tendo essa oportunidade de poder se vacinar. Então, se vacine, se vacine em memória daqueles que não tiveram essa chance, não tiveram essa oportunidade", disse no vídeo.
Glória testou positivo para a Covid-19 no início de abril, ficou internada em um hospital de Petrópolis por 10 dias, sete deles intubada, mas não resistiu às complicações da doença e morreu no dia 25 do mesmo mês.
"Minha mãe era uma mulher com uma fé inabalável. Ela rezava todos os dias pelas pessoas que estavam internadas devido à Covid. Ver ela na mesma situação nos deixou sem chão. Foram os piores dias de toda a nossa vida".
"Ela era uma pessoa maravilhosa. Uma mãe, uma esposa, uma avó maravilhosa. A gente tem sofrido bastante. O meu sonho seria que aquela dose tivesse sido aplicada nela", afirmou Letícia.
Além de Letícia, Glória deixou o esposo Nelson, de 61 anos, com quem foi casada por 39 anos, e os filhos Leonardo, de 38, e Leandro, de 34.
Letícia conta que viveu um misto de emoções enquanto aguardava pela vacinação.
"Enquanto eu estava na fila, só me vinha na cabeça tudo que a gente viveu, tudo que a gente poderia (ter vivido) e tudo que a gente planejava ainda viver".
"Senti muita gratidão a Deus por estar tendo essa oportunidade, mas ao mesmo tempo foi tristeza, euforia e muita impotência. Eu não pudi fazer nada por ela, pra ela poder ter se vacinado, pra ela poder ter tido essa chance. Infelizmente a gente só podia esperar".
O registro do momento da vacinação de Letícia se juntou a várias fotos da família em uma montagem publicada nas redes sociais. (confira na publicação acima)
"O que nós passamos e ainda estamos passando é uma dor imensurável, ter se vacinado e ver meus irmãos e meu pai se vacinarem é uma dose de esperança que não vamos perder mais ninguém para esse vírus", afirmou Letícia.
"Vacinar é uma forma de demonstrar amor pelos seus, e empatia pelo mundo", finalizou.