Dispositivo cerebral desenvolvido por cientistas da Universidade da Califórnia foi capaz de "ler a mente" do paciente
Um homem de 36 anos voltou a se comunicar 16 anos depois de sofrer um derrame que o fez perder os movimentos do corpo e a capacidade de fala. Embora ele não consiga usar a boca, o norte-americano agora pode “conversar” usando um implante com tecnologia inédita que capta os sinais elétricos emitidos pelo cérebro em direção às cordas vocais e os traduz em palavras.
O dispositivo usa um computador para decodificar as informações provenientes do cérebro em letras, que formam palavras e frases em uma tela. O ritmo da tradução é de aproximadamente sete palavras por minuto.
O paciente, conhecido como Pancho, perdeu todos os movimentos do corpo, exceto dos olhos, após sofrer de um derrame aos 20 anos. Durante a realização do teste, ele afirmou que está encantado com o dispositivo e, bem humorado, acrescentou que odeia comida de hospital.
O aparelho foi idealizado por cientistas da Universidade da Califórnia, em San Francisco, nos Estados Unidos. A equipe espera que a tecnologia seja amplamente disponibilizada até o fim da próxima década. O artigo científico sobre o projeto foi publicado em julho de 2021, mas só agora os testes em pacientes estão sendo finalizados.
Os pesquisadores esperam que a tecnologia também auxilie pacientes de outras condições que “roubam” a fala, como a paralisia cerebral, por exemplo.
O implante contém 128 sensores, que são inseridos na superfície do cérebro, abaixo do crânio, e se conectam a um computador.
Para usar a tecnologia, o paciente deve tentar movimentar a boca de acordo com o alfabeto fonético da OTAN, que usa expressões como alfa, bravo, charlie e delta. Com isso, o computador capta os sinais e os traduz em cerca de dois segundos. A taxa de erro é de uma letra errada a cada 16.
Segundo Sean Metzger, neurocirurgião envolvido no desenvolvimento da nova tecnologia, Pancho está gostando muito de usar o dispositivo, mas as reclamações em relação às refeições são constantes. “Ele tem nos ensinado muita coisa”, afirmou.