O Hospital Municipal Souza Aguiar, no Rio de Janeiro (RJ), se tornou a primeira unidade do estado a utilizar pele de tilápia para tratar queimaduras.
O produto está disponível no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do hospital desde dezembro do ano passado. Pelo menos três pacientes fizeram uso da pele de tilápia e notaram uma cicatrização mais rápida e menos queixas de dor.
De acordo com o portal O Globo, o material vem da Universidade Federal do Ceará (UFC) gratuitamente. Trata-se de uma ferramenta adicional para a saúde pública, cronicamente fragilizada em nosso país.
“A pele de tilápia é rica em colágeno, resistente e elástica. Tem duas vezes mais colágeno que a pele humana. O nosso centro de tratamento já nos enche de orgulho, mas essa oportunidade de utilizar essa técnica nos pacientes foi muito importante para nosso serviço, tanto no aspecto técnico quanto na valorização profissional. Sabemos das limitações do setor público e dos recursos restritos, mas a iniciativa motivou a equipe do hospital“, afirma a cirurgiã plástica Irene Daher, chefe do CTQ.
cirurgiã afirma que as tilápias são criadas especialmente para essa utilização. O material é submetido a dois processos de desinfecção (desidratação sob baixa temperatura e exposição a raios gama) e só depois são embalados (a vácuo) e enviado às unidades hospitalares.
Entregues à equipe médica, as lâminas de peles são hidratadas e enfim, aplicadas sobre as queimaduras dos pacientes. Interessante notar que não há a necessidade de pomadas ou outros produtos.
À medida que os ferimentos cicatrizam, a pele de tilápia vai se soltando. O curativo é trocado uma vez a cada 10 dias, reduzindo a dor do paciente gradativamente. O custo do tratamento é 50% inferior quando comparado a outros métodos e o tempo de cicatrização 40% mais rápido.
“Os três casos impressionaram toda a equipe, o quão rápido foi a cicatrização. A técnica reduz riscos de infecção, evita a perda de líquidos dos tecidos e diminui a dor do paciente, que é inevitável no tratamento tradicional, com curativos feitos de gazes e pomadas e que normalmente devem ser trocados no máximo a cada três dias. Esse curativo tem apresentado resultados terapêuticos melhores que a pele de cadáver”, diz Irene.
O cozinheiro Bruno Conceição, 24 anos, foi atingido por uma explosão de panela de pressão e precisou ser submetido ao tratamento. “Eu trabalho em uma pastelaria e sofri as queimaduras no tronco e nos braços quando uma panela de pressão explodiu. Não sinto dor utilizando a pele, foi ótimo. Vou sair do hospital já nos próximos dias.”