José Almeida de Oliveira, de 67 anos, está internado há mais de 60 dias.
José Almeida de Oliveira perde a fala e os movimentos após ter coronavirus em Goiânia, Goiás — Foto: Arquivo pessoal/
Após contrair coronavírus, José Almeida de Oliveira, de 67 anos, perdeu a fala e os movimentos por conta de complicações neurológicas causadas pela doença. Internado há mais de 60 dias, ele se curou da Covid-19, mas aguarda transferência para um hospital onde possa ser acompanhado por neurologista, pneumologista e fisioterapeuta.
"Ele já sofreu muito. Nesse período em que está internado, foi entubado três vezes. Da última vez, os médicos disseram que foram tentando acordá-lo, mas ele só ficava sonolento. Disseram que ele teve uma lesão cerebral, não falava mais e não se mexia muito", disse a esposa, Maria Lourdes Soares.
De acordo com a família, o idoso, que já enfrentou um câncer no pulmão, está internado desde o dia 31 de agosto na Maternidade Célia Câmara, adaptada para tratar pacientes com Covid-19 durante a pandemia. Neste período, ele ficou 30 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O idoso teve 75% dos pulmões comprometidos e sofreu uma parada cardiorrespiratória, o que causou o dano cerebral, de acordo com a família.
De acordo com Maria, a equipe médica que atende o marido informou que pediu a transferência para o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Doutor Henrique Santillo (Crer), também em Goiânia. Porém, apenas a Secretaria Municipal de Saúde pode definir para onde o paciente será encaminhado.
"O médico me disse que já fez o pedido para ele ser transferido para o Crer, porque lá ele vai receber o tratamento que ele precisa. Mas só falou isso, disse que tem o encaminhamento, mas nada de levarem ele. A gente fica de mãos atadas, sem saber o que fazer", contou.
Além do tratamento multiprofissional, a família também foi informada que, para receber alta, o idoso precisa de um home care, ou seja, uma assistência médica em casa com equipamentos como respirador mecânico. Vivendo apenas o salário mínimo de um benefício que a família recebe, Maria conta que não tem condições de comprar todos os insumos que o marido precisa.
"Os médicos disseram que, por conta das graves lesões, ele ficará totalmente dependente de cuidados de outras pessoas, além de não conseguir respirar sozinho. Eu não sei o que fazer, porque o dinheiro que a gente tem é de um benefício que ele recebe por ter tido câncer e também de uns bicos que eu faço. Como ele ficará acamado, vou precisar cuidar dele", relata.
O Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara informa, em nota, que já foi solicitada a transferência do paciente para uma unidade de saúde que realize o tratamento neurológico necessário, assim como um ventilador mecânico de uso doméstico para quando ele receber alta do tratamento desta outra unidade.
O G1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde, por e-mail, às 8h50 desta sexta-feira (30), por ser o órgão responsável pelo encaminhamento do paciente. Porém, não recebeu retorno sobre a transferência do idoso até a última atualização desta reportagem.