Município de Goiás foi o primeiro do Centro-Oeste a sequenciar dois casos de BA.4 e um de BA.5. Ao todo, no Brasil, são dez registros
O município de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital goiana, identificou, por meio do Programa de Vigilância Genômica, duas novas sublinhagens da variante Ômicron do novo coronavírus. De acordo com a prefeitura, a cidade foi a primeira do Centro-Oeste a sequenciar dois casos de BA.4 e BA.5. O município também foi o primeiro a registrar uma morte pela variante no país, em janeiro deste ano.
Conforme a plataforma internacional Gisaid, entidade com banco de dados sobre genomas de vírus, até a manhã desta terça-feira (24/5), em todo o mundo havia sido identificados 2.371 casos de BA.4, sendo oito na América do Sul e três no Brasil. Desses, dois são de Aparecida.
Já a respeito da BA.5 consta no Gisaid o registro de 2 mil casos no mundo, sendo sete na América do Sul, todos eles identificados no Brasil. Um caso é de Aparecida. Essas sublinhagens ainda estão sendo estudadas para saber mais detalhes sobre seu comportamento, gravidade e grau de contaminação.
De acordo com o secretário municipal de Saúde de Aparecida, Alessandro Magalhães, a variante Ômicron foi predominante no município neste ano. Segundo ele, o aumento recente no número de casos pode estar relacionado à descoberta das novas sublinhagens. No entanto, não é possível afirmar que houve o crescimento de óbitos.
“Neste ano, a variante Ômicron foi a que predominou em Aparecida. 100% das amostras sequenciadas pelo nosso programa em 2022 são referentes a ela. Agora, observamos o surgimento dessas sublinhagens, que já foram relacionadas ao aumento de casos de Covid-19 em outros locais. Contudo, ainda não se pode falar em crescimento de hospitalizações e óbitos. Não é possível nem afirmar que a BA.4 e a BA.5 vão predominar em Aparecida. De qualquer forma, seguimos monitorando. Por enquanto, uma orientação permanece: testagem e vacinação”, afirma ele.
A diretora de Avaliação de Políticas de Saúde da SMS, Érika Lopes, responsável pelo Programa de Sequenciamento Genômico, reitera a informação e explica que não há motivo para alarme.
“Sempre gosto de destacar que enquanto o Sars-CoV-2 estiver circulando, infectando e reinfectando pessoas, ele sofre mutações. Esse é um processo natural da replicação do vírus. Algumas dessas mutações podem garantir um maior poder de adaptação, gerando novas linhagens mais infectantes, letais ou com escape imunológico. Para analisar as consequências é necessário monitorar”, explicou.
Sobre os dois registros da BA.4 em Aparecida, a superintendente de Vigilância em Saúde, Daniela Ribeiro, informa que trata-se de um casal em isolamento domiciliar. A mulher, de 38 anos, testou positivo para a Covid-19 em 16 de maio, depois de apresentar tosse seca, dor de cabeça e mialgia.
Já o homem, de 39 anos, foi diagnosticado no dia 17 de maio, após sentir os mesmos sintomas que a esposa. Ambos foram vacinados com três doses e não precisaram de internação. Até o momento, não houve transmissão intradomiciliar para nenhuma outra pessoa que reside na casa.
Sobre o caso da BA.5, a superintendente explica que trata-se de um homem, de 20 anos, que também está em isolamento domiciliar: “Ele testou positivo no dia 16 de maio, apresentando sintomas como dispneia, mialgia, dor de garganta e sintomas gripais. Segue estável, sem queixas”. Segundo a gestora, ele está vacinado com duas doses.
Daniela Ribeiro avalia ainda que como não foi possível identificar a origem da contaminação nesses três casos, pode-se afirmar que já existe transmissão comunitária dessas sublinhagens em Aparecida.
O Programa Municipal de Sequenciamento analisa amostras colhidas durante a realização do RT-PCR que tenham uma carga viral mínima e com os seguintes critérios: pacientes com suspeita de reinfecção, pacientes de baixo risco que precisaram de internação e pacientes aleatórios agrupados por semana epidemiológica. Até o momento, o município já realizou 500.369 testes RT-PCR para diagnóstico da Covid-19 e já sequenciou 2.637 amostras.