Segundo coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, há uma diferença entre ter parâmetros, se inspirar e ficar se comparando o tempo todo. Entenda!
Nas redes sociais, estamos sempre acostumados a ver publicações, fotos e vídeos de momentos de alegria de nossos amigos e conhecidos. Jantares em bons restaurantes, viagens, corpos perfeitos esculpidos na academia, promoções no trabalho e momentos em família. Mas será mesmo que a “grama do vizinho é mais verde que a nossa”?
Segundo a psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, Lorena Fleury, em muitas situações, ao olharmos e navegarmos nas redes, temos a sensação de que a vida das outras pessoas é sempre maravilhosa, sem dificuldades e desafios. Mas não podemos esquecer que aquela foto ou aquele vídeo são um registro, um fragmento do dia da pessoa e não o dia inteiro. Não sabemos dela fora das redes. Além disso, hoje em dia, há uma “produção” por trás de muitas fotos, cuidado com os melhores ângulos, uso de filtros... o que vemos é mesmo real?
“Muitas pessoas não enxergam é que a grande maioria dos posts nas redes sociais mostram somente o que o dono do perfil deseja: por um lado, mostra apenas eventos positivos de sua vida e, por outro, distorce eventos negativos para que se pareçam com eventos positivos. Usam a rede social mostrando a felicidade, mas sabemos que todos nós temos desafios. Devemos valorizar à nossa realidade, o mundo que vivemos”, pontua.
Ainda segundo a especialista, o ser humano tem uma tendência a mostrar em rodas sociais apenas os melhores aspectos da vida e alimentar a imagem que quer que tenham dele. Não há nenhum problema em compartilhar com o mundo sua alegria, mas há sim se isto vira uma obrigação ou se isto vira uma referência a ser seguida. O ponto central para evitar as comparações, segundo Fleury, é entender que cada ser humano é único e que a caminhada é diferente para cada um.
“Nós não somos perfeitos e não atingir alguma meta não nos torna uma pessoa pior. Pense em você de forma carinhosa e tente não se cobrar demais: a autocrítica na medida certa é saudável e benéfica para o crescimento pessoal, mas se usada de forma cruel, afeta a sua saúde mental”, pontua.
Na opinião da especialista, é válido quando nos inspiramos no que vemos ou assistimos. Novos sonhos, novos projetos podem até serem construídos, mas eles precisam fazer sentido para nós. Podem servir como novas referências, mas não como parâmetros de como deve ser nossa vida.
O comportamento de se comparar, segundo a psicóloga, pode fazer o indivíduo experimentar muita ansiedade e rebaixamento da autoestima, adoecendo psicologicamente. “O emocional fica tão perturbado com a quantia exagerada de pensamentos e emoções negativas que pode desencadear um distúrbio psicológico, como a ansiedade e a depressão. Fazer comparações é uma atitude muito venenosa para a saúde mental”, destaca.
A seguir, a professora universitária elenca algumas dicas importantes para evitar as comparações:
Cada pessoa é única: todos nós temos trajetórias de vida singulares, que nos tornam únicos. E são essas experiências diferentes que impactam nas nossas escolhas, decisões, caminhos e conquistas. Por isso, a comparação é sempre perigosa, tanto para quem se compara como com quem é comparado. Todos nós estamos seguindo nossos próprios caminhos, com as dores e delícias inerentes a cada ser. Lembre-se também, nem tudo o que é postado é real ou aconteceu exatamente daquela forma.
Prepare-se: resultados virão após investimento de tempo e trabalho. Um emprego dos sonhos e aquela viagem incrível acontecem depois de empenho e dedicação. Se você quer muito algo, precisa trabalhar para conquistar. Não pense que o artista famoso das redes sociais recebeu o sucesso “de graça”. Poucas vezes as conquistas de uma pessoa caem do céu: tudo na vida precisa de preparo, dedicação e trabalho. Além disso, a fama pode comprometer a intimidade e a liberdade de fazer algumas coisas. Expor-se demais tem um preço alto.
Foque em você: quando nos comparamos com outra pessoa, acabamos esquecendo da pessoa central da nossa história, que somos nós mesmos. Podemos ter como inspiração as conquistas de outras pessoas, mas só nós sabemos quais as que podem nos fazer felizes.
Comemore as conquistas: lembre-se que a conquista final é apenas a cereja do bolo, e que o caminho percorrido até a chegada é o que mais importa e o que mais nos agrega em experiências, conhecimento e vivências. Não deixe de comemorar as conquistas diárias, pois para vencer uma guerra é preciso vencer, antes, muitas batalhas.