Até agora, a Anvisa havia aprovado apenas o uso emergencial das vacinas CoronaVac - do Instituto Butantan e do laboratório Sinovac - e Oxford/AstraZeneca
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou nesta terça-feira (22) o pedido de registro definitivo da vacina contra a covid-19 produzida pela Pfizer e pela Biontech. É a primeira autorização dessa natureza para um imunizante contra o coronavírus no Brasil e em toda a América Latina.
Este tipo de autorização permite que a farmacêutica comercialize doses para aplicação em massa em toda a população brasileira. Por enquanto, porém, o laboratório ainda não assinou contrato de venda com o Ministério da Saúde.
Até agora, a Anvisa havia aprovado apenas o uso emergencial das vacinas CoronaVac – do Instituto Butantan e do laboratório Sinovac – e Oxford/AstraZeneca. A Fiocruz, que produz esta segunda no Brasil, também já solicitou o registro definitivo, mas ainda não foi autorizado.
Como Diretor-Presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, informo com grande satisfação que, após um período de análise de dezessete dias, a Gerência Geral de Medicamentos, da Segunda Diretoria, concedeu o primeiro registro de vacina contra a covid-19, para uso amplo, nas Américas.
Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa
“O imunizante do Laboratório Pfizer/Biontech teve sua segurança, qualidade e eficácia, aferidas e atestadas pela equipe técnica de servidores da Anvisa que prossegue no seu trabalho de proteger a saúde do cidadão brasileiro”, disse o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, em reunião colegiada nesta terça-feira.
“Esperamos que outras vacinas estejam, em breve, sendo avaliadas e aprovadas”, completou ele.
Anúncio sobre aprovação não era esperado
A declaração de Barra Torres aconteceu na abertura da 3ª reunião ordinária da Anvisa, em cuja pauta não estava prevista a divulgação das análises da Pfizer.
Antes de anunciar a aprovação, Torres comparou a “vitória” da Anvisa com a chegada do Exército Brasileiro à Itália, durante a 2ª Guerra Mundial.
“Foi num dia 21 de fevereiro, em 1945, quando um grupo de bravos e galantes brasileiros, inicialmente desacreditados, colocou o pé na Itália naquele que seria até hoje o maior conflito armado de todos os tempos”, disse Torres que é contra-almirante da Marinha.
“Chegamos hoje, numa terça-feira, que começa sob essa bênção vitoriosa do dia 21 de fevereiro [de 1945]. Que venham outras iguais à desse dia de hoje”, afirmou.
Negociação entre Pfizer e governo está emperrada
O Brasil tenta, desde o primeiro semestre do ano passado, comprar vacinas da Pfizer, mas as negociações estão emperradas. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, considera que o laboratório impõe “cláusulas leoninas” ao governo brasileiro.
Nesta segunda, representantes da farmacêutica participaram de uma sessão no Congresso, e senadores se prontificaram a intermediar as negociações com o ministério. Durante o encontro, as farmacêuticas indicaram que não vão abrir mão das condições que negociam com a pasta. Uma delas, por exemplo, é que o governo se responsabilize por eventuais demandas judiciais por reações adversas.
Em nota divulgada, a Pfizer informou que não pode comentar as negociações com o governo brasileiro, mas que “as cláusulas que estão sendo negociadas estão em linha com os acordos que fechamos em outros países do mundo inclusive na América Latina”.