Preciso mesmo da segunda dose? ainda tenho que usar máscara por aí? que tal resolver suas dúvidas?
O Brasil está avançando na campanha de imunização contra Covid-19, que ocorre desde 18 de janeiro. Após liberação pelo Ministério da Saúde, diversas cidades começaram a vacinar a população em geral, sem prioridade, por ordem decrescente de idade.
Se você é um dos brasileiros que já receberam ao menos a primeira picada — seja da Coronavac, do Butantan, seja do produto de Oxford/AstraZeneca, da Fiocruz —, é provável que tenha algumas dúvidas sobre o que fazer a partir de agora. Pois bem, a primeira orientação, e importantíssima, é garantir que você ingresse na turma dos que tomaram as duas doses da vacina. Como mostram os estudos, esse é o único jeito de assegurar a proteção esperada das injeções.
Acompanhe a lista de perguntas e respostas:
Qual é o tempo de proteção das vacinas contra Covid-19?
Ainda não se sabe. Como as vacinas em uso são recentes e as campanhas só começaram a partir de dezembro de 2020, a duração da proteção ainda é alvo de estudos. Até aqui, é possível afirmar com segurança que o efeito se mantém por pelo menos seis meses. Os especialistas acreditam que será necessário revacinar periodicamente, como ocorre com a com a gripe.
Posso tomar bebida alcoólica antes ou depois da vacina?
Até pode. O receio vem de um mito que diz que o álcool afeta a produção de anticorpos. Mas não há pesquisa indicando que a eficácia de uma vacina seja comprometida pela ingestão pontual de bebida alcoólica. Mas tem que ser com moderação. Sabe-se que o excesso etílico prejudica o sistema imune — então não dá pra descartar algum reflexo do abuso na imunização.
Há risco de a vacina causar a doença em si?
Nenhum. “A Covid-19 só é provocada por vírus vivo, e nenhuma das vacinas usa vírus vivo”, resume o virologista Paulo Eduardo Brandão, da Universidade de São Paulo (USP). A Coronavac é feita com o vírus inativado, processo semelhante ao de outras vacinas já consagradas, como as de gripe, hepatite A e raiva. Já a de Oxford usa um vetor viral — outro vírus, modificado, que carrega parte do material genético do Sars-CoV-2 para induzir uma resposta do organismo.
Ação e reação da vacina
Para entendermos melhor o papel da vacinação (e das outras medidas preventivas citadas), devemos ter em mente que as vacinas atuais não impedem que a pessoa pegue ou transmita o vírus causador da Covid-19. O que elas fazem — e isso é decisivo! — é ensinar o organismo a reagir diante da infecção.
Por isso, são capazes de impedir a evolução para um quadro severo da doença. “Uma vacina como a do sarampo, por exemplo, esteriliza a pessoa contra o vírus, que circula no sangue, e dá uma imunidade mais eficiente, mais duradoura. O coronavírus se replica na superfície de órgãos como o pulmão, o rim e o intestino. Assim, a imunidade é mais curta, e a vacina não evita o contágio, mas impede que a infecção avance e se torne mais grave”, contextualiza Brandão.Só que a criação desse escudo antiviral depende das tais duas doses — pelo menos com as vacinas disponíveis no Brasil. “É como se a primeira dose dissesse para o sistema imunológico: ‘Eu quero que você aprenda a fazer anticorpos contra o vírus’. E a segunda, que vem um tempo depois, chegasse para ampliar a população desses anticorpos”, resume o virologista da USP.
O intervalo entre uma e outra depende do produto. No caso da Coronavac, são quatro semanas. Na versão concebida por Oxford/AstraZeneca e fabricada pela Fiocruz, são três meses. Lá fora já está em uso um imunizante de dose única, o da Janssen, ainda não oferecido por aqui.
Outro ponto a considerar é que o efeito das vacinas não é imediato. Temos de esperar um tempo até que a resposta delas se transforme em proteção efetivamente — leva em torno de duas semanas até que o organismo se arme a partir dos estímulos gerados. E, claro, receber o imunizante não é sinônimo de nunca poder adoecer.
É aí que entram aqueles números de eficácia e eficiência que tanto bombaram na mídia. A “eficácia” diz respeito à ação da vacina mensurada por estudos controlados com milhares de voluntários, geralmente antes da aprovação para uso massivo. No caso do imunizante da AstraZeneca, a fabricante anunciou uma capacidade de proteção de 76% em relação aos não vacinados.
A “eficiência”, por sua vez, é o número que importa mais depois que um programa de imunização começa pra valer: ela sintetiza o efeito da vacina no mundo real, em milhões de pessoas e sem o ambiente
controlado das pesquisas. Como a vacina da AstraZeneca exige um intervalo maior entre as doses, esse número ainda está sendo calculado.
Mas já há dados desse tipo para a Coronavac: no Chile, um dos países que avançaram mais rapidamente na vacinação e onde nove em cada dez doses aplicadas são desse imunizante, o produto foi capaz de
prevenir os casos leves em 67%, as hospitalizações em 85% e as mortes em 80% após o esquema completo — isso quando comparado à população que não foi vacinada. prevenir os casos leves em 67%, as hospitalizações em 85% e as mortes em 80% após o esquema completo — isso quando comparado à população que não foi vacinada.
Ganha você, ganha o vizinho
Você deve ter percebido que nenhum número chega a 100%, né? Pois é, existem brechas que podem estar relacionadas a uma resposta inefetiva do corpo da pessoa à vacina. Mas isso não é um fenômeno novo! Qualquer imunizante está sujeito. E ainda que, felizmente, essas falhas sejam incomuns, reforçam a necessidade de uma vacinação massiva, capaz de resultar na tão sonhada imunidade de rebanho — cenário que permite a uma fração da
população ficar mais protegida graças à maior resistência de quem está ao redor e à diminuição da circulação do agente infeccioso. “As vacinas são uma estratégia coletiva. Quanto mais gente se vacinar, menor o risco para todos”, sentencia Natalia.
Então não caia no argumento falacioso que usa eventuais falhas ou mesmo as raras reações adversas para contraindicar a vacina. Afinal, o risco de sofrer e morrer ao se expor ao vírus é muito maior se você não tomar suas doses.
As vacinas utilizadas no Brasil até o momento necessitam de duas doses. O intervalo de tempo entre as aplicação varia conforme o imunizante. Veja os períodos:
Há também previsão da chegada de doses do imunizante da Johnson & Johnson, que é administrativo em dose única, para a próxima semana.
Após tomar a vacina da oxford pode ter relações sexuais no mesmo dia?
Sim, pode ter relação sexual no mesmo dia em que fez a vacina. Não há problema.
A bula das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca, por exemplo, trazem a recomendação de procurar orientação médica antes de tomar a vacina em casos de doença aguda ou infecção com febre alta.
De modo geral, os fabricantes orientam procurar o médico nos seguintes casos:
Os especialistas explicam que todos os pacientes com doenças crônicas devem buscar orientação dos profissionais que já os acompanham antes de realizar a vacinação. O acompanhamento também pode ser necessário em casos de sintomas coltaerais anormais.
No Brasil, grávidas são imunizadas contra a Covid-19 e estão no grupo prioritário. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orientou a suspensão da aplicação da vacina da AstraZeneca em gestantes e puérperas no País. A imunização segue com os outros imunizantes.
Embora as bulas dos imunizantes não recomendem a vacinação do grupo, estudos já mostraram que os imunizantes são seguros. É importante procurar o profissional obstetra, que pode realizar o acompanhamento do caso.
"Acontece que ao longo da vacinação, muitas grávidas que não sabem que estão grávidas ainda acabam por se imunizar. E aí esses dados são coletados e se verifica a segurança", explica o imunologista Edson Teixeira.
É comum que o indivíduo apresente alguns sintomas após receber uma vacina, e procurem algum medicamento para aliviá-los. Os especialistas explicam que não há contraindicação para o uso moderado de remédios após a vacinação.
"Tem gente que tem febre, parece até que está adoecido, por conta da ativação do sistema imune. Então, se der febre, se ficar com muita dor no corpo, dor de cabeça, também pode tomar medicações para aliviar", explica o professor Keny Colares.
Em caso de dolorimento no local da injeção, também é possível fazer compressa morna ou gelada. De modo geral, os efeitos adversos são bem tolerados e duram até 72h após a vacinação, conforme os pesquisadores.
Os sintomas mais comuns são dor no local, cansaço, dor no corpo, dor de cabeça, dor nas articulações, febre moderada e enjôo. Segundo Keny, os efeitos ocorrem porque as vacinas ativam o sistema imunológico de maneira semelhante às doenças.
O imunologista Edson Teixeira aponta sintomas incomuns que podem aparecer, como diminuição do apetite, dor abdominal, sudorese e inchaço nos linfonodos. Caso os sinais durem mais de 72h, é recomendado procurar um médico.