Empresa IPOP-Cidades & Negócios produziu e divulgou 349 pesquisas suspeitas em 191 dos 246 municípios goianos desde sua criação em fevereiro deste ano
Na manhã desta quinta-feira (5), o Ministério Público Eleitoral (MPE) desencadeou uma operação para desarticular um grupo suspeito de produzir e divulgar pesquisas eleitorais fraudulentas em todo o Estado de Goiás nas eleições municipais de 2020.
A intitulada Operação Leão de Neméia resultou na constatação de que a empresa IPOP-Cidades & Negócios produziu e divulgou 349 pesquisas suspeitas em 191 dos 246 municípios goianos desde a sua criação em fevereiro deste ano. Este é o maior número de pesquisas realizadas nestas eleições em todo o país, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão nos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia, na sede da empresa, e nas residências do proprietário do IPOP, Márcio Rogério Pereira Gomes, e da estatística Karen Cristina Alves Pessoa. Os mandados foram expedidos pelo Juiz Eleitoral da comarca de Alvorada do Norte, no nordeste goiano, Pedro Henrique Guarda Dias
Em Formosa o candidato a prefeito Hernany Bueno pela coligação: Muda Formosa de Verdade, teve que remover uma publicação feita em sua página pessoal no facebook, após decisão judicial, sob pena de multa diária de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais). A pesquisa considerada fraudulenta foi realizada pela empresa IPOP - Cidades & Negócios, alvo da operação do Leão de Neméia.
As fraudes consistem em produzir pesquisas que não refletem a realidade das intenções de voto dos eleitores, com desobediência dos requisitos exigidos na legislação eleitoral, em bairros inexistentes e com oferta criminosa de manipulação de dados em favor de candidatos.
A operação é coordenada pelos promotores de Alvorada do Norte Eusélio Tonhá dos Santos e Douglas Chegury, e conduzida também pelos promotores eleitorais Asdear Salinas (Iaciara), Guilherme Vicente de Oliveira (Pontalina) e Lucas César Costa Ferreira (Silvânia), e conta com o apoio do Centro de Inteligência do MPGO e da Polícia Civil.
Os investigados, bem como todos os demais envolvidos, estão sujeitos a responder pelo crime de pesquisa eleitoral fraudulenta, cuja pena de prisão é de 06 meses a um ano, além de serem responsabilizados pela fraude eleitoral.
As investigações terão prosseguimento para identificar e responsabilizar outros envolvidos nas fraudes. O nome da operação é uma referência ao primeiro de 12 trabalhos executados pelo herói mítico grego Hércules, que derrotou o leão que explorava e subjugava a região de Neméia, localizada no nordeste do Peloponeso.
Márcio Rogério, nas eleições municipais de 2016, praticou as mesmas atividades em mais de uma centena de municípios do Estado de São Paulo, usando uma outra empresa criada por para produzir e divulgar pesquisas fraudadas (Márcio Rogério Pereira Gomes-ME/ Jornal Folha da Região Norte Paulista).
Rogério responde a dezenas de processos cíveis e criminais na Justiça Eleitoral paulista, já tendo sido condenado em vários deles. Com a descoberta de sua atuação em São Paulo, migrou para o Estado de Goiás neste ano, onde criou a empresa IPOP com o mesmo objetivo criminoso.
Em dezenas de Zonas Eleitorais do Estado multiplicam-se ações que requerem a suspensão da divulgação de tais pesquisas, o que já foi deferido em muitas delas com o objetivo de preservar a transparência e legitimidade do processo eleitoral.