Ministra defende pena mais grave para líderes religiosos abusadores sexuais e diz que vai apresentar a proposta em caráter de urgência
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, esteve em Goiânia na tarde desta quinta-feira (21). Ela aproveitou para “dar um recado aos abusadores sexuais: acabou a palhaçada. A brincadeira acabou”, disse.
Damares defendeu a criação de leis e punições específicas para líderes religiosos que abusam sexualmente de mulheres e crianças. Ela se reuniu com a equipe do Ministério Público de Goiás (MP-GO), que apresentou dados sobre o caso João de Deus.
“É uma proposta legislativa para que o crime de abuso sexual, se cometido por um sacerdote, líder religioso, a pena seja agravada”, explicou. A ministra afirmou que o projeto será apresentado ao Congresso Nacional, em caráter de urgência, na próxima semana.
A ministra aproveitou para “dar um recado aos abusadores: acabou a palhaçada. A brincadeira acabou”, disse. Ela ainda lembrou que também foi vitima de abusos sexuais quando era criança e que sente muita dor quando recorda os fatos. “Há pedófilos fingindo ser pastores e líderes religiosos. Quantas Damares precisam ser vítimas?”, questionou.
Segundo ela, os números de crimes sexuais cometidos por líderes religiosos são alarmantes. Entretanto, optou por não entrar em detalhes.
“Vai ser mais um recorde amargo que esse país carrega” disse a ministra sobre a quantidade de vítimas do médium João de Deus. Até agora, são 300 depoimentos formalizados por mulheres de 17 estados brasileiros e seis países. O MP-GO criou uma força-tarefa para atender às mulheres, inclusive com atendimento psicológico.
O MP-GO apresentou dados sobre os crimes e as ações realizadas. Segundo ela, o trabalho da força-tarefa do órgão deve servir de exemplo para o País. Além disso, incentivou, diversas vezes, às mulheres que foram vítimas do médium ou de outros homens, a denunciarem: “às mulheres do Brasil inteiro que são vítimas de violência sexual: tenham coragem de denunciar!”.
Segundo dados apresentados pelo MP-GO, os abusos cometidos pelo médico se arrastam desde 1973. Além disso, há 39 anos não houve sequer um ano em que não houvessem vítimas.
Até o momento, apenas mulheres fizeram denúncias. O maior número entre 18 e 30 anos. Contudo, pelo menos 15 meninas entre 0 e 15 anos de idade também foram vítimas de João de Deus.
Fonte: Bárbara Zaidendo Mais Goiás, em Goiânia