Defensoria Pública entrou com ação contra Cleitinho Azevedo (Cidadania) por entender que ele expôs e feriu a integridade moral dos menores institucionalizados
Mais uma polêmica envolvendo o deputado estadual Cleitinho Azevedo (Cidadania) tem gerado discussões nas redes sociais. O parlamentar já acumula mais de 200 mil visualizações em um vídeo divulgado para se defender da Defensoria Pública, que moveu ação após o parlamentar levar crianças e adolescentes de um abrigo para lanchar. Detalhe: ele não tinha autorização da Justiça, o que torna a prática ilegal.
O político levou cerca de 13 institucionalizados, sob tutela do estado, da comunidade Servos da Cruz, no dia 21 de setembro, para comer sanduíche na inauguração de um McDonald’s em Divinópolis, na Região Centro-Oeste do estado. Vídeos e fotos das crianças e adolescentes foram publicadas nas redes sociais.
A defensoria entendeu que o político expôs os menores. “O vídeo traz gravações de conversas com as crianças no trajeto até a lanchonete. Essas crianças estão sob a tutela do estado, pois estão em situação de vulnerabilidade. Não poderiam ter sido expostos dessa maneira e nem vinculados publicamente ao abrigo em que estão”, informou a defensoria pública.
O órgão se fundamenta na Constituição Federal, na Declaração Universal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Leia do Marco Legal da Internet. “A integridade moral da criança e do adolescente pressupõe o respeito a vários direitos da personalidade, como intimidade, ao segredo, recato, imagem, identidade pessoal, familiar e social”, afirmou.
O processo corre em segredo de Justiça. A ação foi distribuída no dia 23 de setembro e o processo já está concluso para a justiça analisar o pedido de liminar.A Defensoria Pública requer a retirada do vídeo e das fotos das redes sociais e a condenação por dano moral coletivo, destinado ao Fundo para Infância e Adolescência, no valor de R$ 1 milhão. A ação também é contra o Instagram, Facebook e o abrigo.
Ao tomar conhecimento da ação, o deputado polemizou nas redes sociais. “O certo é o errado. É o poste mijando no cachorro”, declarou em resposta a ação judicial. O vídeo já tem mais de 23 mil curtidas.Para ele, não houve nada de errado ao expor as crianças e adolescentes nas redes sociais.
“Não fiz nada de errado, posso perder meu mandato, ser cassado”, afirmou pedindo que os internautas compartilhassem o post. Afirmou também que teve autorização do abrigo.“Eles liberaram para eu poder buscar elas. Eu não fiz nada sem autorização do abrigo”, se defendeu. Cleitinho vê o ato como a realização de sonho.
“Não expus criança ao ridículo, pelo contrário, sabe o que fiz? Alimentei os sonhos delas. Tinha criança ali que nunca comeu sanduiche na vida”. O deputado confirmou ter usado parte da verba do auxílio alimentação concedida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para custear o lanche das crianças. Por mês, cada parlamentar tem direito a uma cota de aproximadamente R$ 10 mil. “Nunca gastei esse auxilio alimentação na minha vida. Nunca gastei comigo. Agora, ficam esses políticos sem vergonha, mau caráter, gasta com uísque, champanhe, um vagabundo que rouba o dinheiro de vocês”, atacou. Cleitinho também criticou a denúncia que resultou na ação e provocou: “Faço uma pergunta a quem me denunciou: Alguém de vocês já esteve lá para cuidar dessas crianças, já foi lá para saber a situação dessas crianças para me denunciar e encher o saco?”, indagou. As imagens foram apagadas das redes sociais do deputado. A reportagem tentou contato com o abrigo, mas ninguém da diretoria foi encontrado para comentar sobre o assunto.
O vídeo feito pelo deputado Cleitinho para se defender da acusação da Defensoria Pública já alcançou mais de 200 mil internautas.