Governador de Goiás diz que Ibaneis Rocha desviou dinehiro da Saúde e do transporte público
Em reação à ameaça do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), em fechar a divisa entre o DF e o Entorno goiano, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), acusou nesta sexta-feira o governo vizinho de “desumano” e “corrupto”. O tom entre os dois governadores subiu nesta semana com o agravamento da pandemia de Covid-19.
Com avanço no número de casos, a região vizinha à capital federal está em situação de calamidade e muitos doentes acabam recorrendo à rede de saúde do Distrito Federal. Nesta sexta-feira, 95,83% dos leitos de UTI para Covid-19 estão ocupados no DF. Ao ameaçar fechar a divisa, Ibaneis disse que cerca de 25% dos pacientes internados são de cidades goianas e cobrou medidas por parte do governo local para ampliar o atendimento.
Para Caiado, o governador do DF está “discriminando” os moradores de Goiás, sendo que esperava um gesto de solidariedade por parte chefe do Executivo da capital. Por outro lado, em entrevista ao Bom Dia DF, da TV Globo, ele partiu para o ataque, acusando Ibaneis de corrupção. Segundo Caiado, existe um diferencial entre os dois em relação à administração pública.
— Brasília está gerida por um processo de corrupção desvairado com verba da saúde e do transporte público — disse Caiado, completando:
— O governador (Ibaneis Rocha) teve um comportamento totalmente desumano ao dizer que vai fechar a fronteira com o estado de Goiás. Foi ele que provocou o processo, não fui eu. Agora, como governador do estado de Goiás, eu não aceito o cidadão envolvido em corrupção na área da saúde dizer o que eu tenho que fazer — afirmou, destacando também que o governo de Goiás não está envolvido em escândalo e nem “roubando dinheiro da saúde”.
Em defesa do seu governo, Caiado disse que aumentou de 296 leitos de UTIs no estado de Goiás para mais de 670, informando que mais da metade é destinada a leitos de Covid-19. Medidas restritivas também foram adotadas em cidades do Entorno.
— O que se esperava é que o Distrito Federal implantasse as mesmas restrições que nós implantamos há 15 dias, nenhuma medida foi tomada — disse Caiado.
Ibaneis é apontado como dos governadores mais alinhados com o presidente Jair Bolsonaro nas discussões sobre a pandemia do coronavírus. Assim como Bolsonaro, ele combateu medidas de restrição ao comércio, e também posicionou-se publicamente a favor da exoneração do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que criticava a resistência de Bolsonaro a adotar políticas de isolamento social. O governador do DF informou ontem que vai decretar toque de recolherr a partir de segunda-feira, de 20h às 5h.
Outro ponto abordado por Caiado foi a questão do transporte púbico precário na região, que aumenta o risco de infecção da doença. O governador de Goiás voltou a culpar o governo vizinho.
— Agora se a situação do Entorno de Brasília no meu governo ainda não melhorou é porque o transporte coletivo do Entorno de Brasília hoje ele é controlado por uma estrutura mafiosa comandada pelo secretário de Transporte do DF, que é o senhor Valter Cassimiro, envolvido em todas as negociatas — disse Caiado, falando que a lucratividade é de R$ 450 bilhões.
— O governador do DF nunca teve interesse no Entorno, teve interesse em imobiliárias, em ter benefícios com transporte urbano em conchavo com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) — afirmou o governador de Goiás.
Desde o início da pandemia, o Distrito Federal registrou 293.782 casos e 4.805 óbitos por Covid-19. A média móvel de ocorrências é de 917, um aumento de 74% em relação ao visto 14 dias atrás. Já a média móvel de óbitos é de 11, 8% superior àquela vista no mesmo período.
Procurada, a assessoria do governador Ibaneis Rocha não se manifestou.