Segundo a educadora, ela foi dopada e não se lembra do crime. Vítima foi informada por outras pessoas sobre a existência de um vídeo
A Polícia Civil, por meio da 2ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), investiga se uma professora, de 39 anos, foi estuprada dentro da unidade de ensino da Rede Estadual de Educação de Goiás em que trabalha, na região noroeste da capital goiana.
Conforme os boletins de ocorrência registrados pela educadora, ela não se lembra da situação porque teria sido dopada e abusada por um vigia e pela diretora da escola.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que “afastou todos os envolvidos no caso para que não houvesse prejuízo à comunidade escolar”. Também há uma auditoria em curso na escola para apurar o que aconteceu.
De acordo com a delegada responsável pela investigação do caso, Cássia Sertão, uma perícia está sendo feita nos celulares das pessoas envolvidas para comprovar a existência de um vídeo que teria documentado o crime, conforme a denúncia da professora.
Investigação
Segundo Cássia Sertão, inicialmente, foi registrada pela professora uma denúncia de ameaça de divulgação de imagens íntimas.
“Posteriormente, a vítima alegou que o conteúdo do vídeo seria ela sendo abusada sexualmente, dentro da escola, por um servidor, fora do horário de serviço. […] A vítima fala que não se recorda dos fatos, que tomou conhecimento apenas através da notícia da existência do vídeo”, disse ela ao portal G1.
A delegada explicou ainda que o caso continua sob investigação e testemunhas estão sendo ouvidas.
“Foram ouvidas algumas testemunhas, porém o vídeo não foi divulgado, tampouco localizado. Os celulares das partes envolvidas foram apreendidos […] e só através do exame pericial pode ser confirmada a existência ou não do vídeo e, por consequência, a ocorrência ou não do estupro”, completou.
Entenda o caso
Uma professora, de 39 anos, denunciou que foi estuprada dentro de uma unidade de ensino da Rede Estadual de Educação de Goiás, localizada na região noroeste da capital goiana, pelo vigia e pela diretora da escola.
Segundo a mulher, ela teria sido drogada pela diretora do colégio e o estupro foi filmado, para hostilizá-la diante dos colegas de trabalho. Conforme relatado pela professora à polícia, em dois boletins de ocorrência, ela descobriu a existência dos vídeos no dia 9 de março, porém, o crime teria acontecido no dia 23 de janeiro.
A educadora afirma que não se lembra, já que estaria sob efeito de drogas, manipuladas, segundo ela, pela própria diretora, como se fossem um remédio antialérgico.
A professora conta que, ainda sem saber da existência dos vídeos, teria se envolvido com o vigia da unidade escolar, que também já teve um relacionamento com a gestora.
Relacionamento rápido
De acordo com a educadora, o relacionamento com o vigia ocorreu por aproximadamente 15 dias, no mês de fevereiro, no entanto, sem envolvimento íntimo. A mulher relata que teria se afastado do homem, de 41 anos, por ele apresentar um comportamento agressivo e abusivo e isso teria motivado a mulher a procurar a Deam pela primeira vez, no mês passado.
Segundo a suposta vítima, o homem também tentou extorqui-la em R$ 3,5 mil, ameaçando divulgar fotos e vídeos explícitos e comprometedores. Apesar de se sentir ameaçada, ela conta que não tinha conhecimento da situação ocorrida em janeiro. Contudo, o homem passou a intimidá-la usando o nome da diretora da instituição.
Ao final de fevereiro, a professora conseguiu uma medida protetiva contra o vigia. Na mesma época, o homem foi afastado da escola em que trabalhava, por assédio moral a outros funcionários.
Briga com a diretora
Após a saída do vigia, segundo a professora, a diretora teria se posicionado em defesa do ex. A suposta vítima, que também exercia a função de coordenadora, chegou a ser afastada do cargo e ameaçada de perder sua gratificação. Além disso, a mulher conta que a gestora passou a difamá-la, impedindo-a de exercer o trabalho na unidade.
A professora foi orientada pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) a registrar uma queixa na ouvidoria do estado, além de participar de reuniões para que a questão fosse resolvida sem o afastamento definitivo das profissionais. Porém, segundo a mulher, ela foi informada por amigos, que a diretora havia revelado os vídeos do estupro ocorrido dentro da unidade escolar.
Pela descrição das cenas foi que a mulher se deu conta do crime. Ela relata que se lembrou da roupa que usava no dia, e se lembrou da situação em que aceitou a medicação oferecida pela diretora. Com isso, a professora registrou um novo boletim de ocorrência.
Afastamento
Por meio de nota, a Seduc informou que todos os envolvidos no caso foram afastados da unidade, para não prejudicar os alunos. “O vigia teve seu contrato encerrado e a professora e a diretora estão afastadas temporariamente”, diz o documento. Ainda segundo a pasta, será instaurada uma auditoria na unidade escolar.
Nas redes sociais da unidade escolar, uma postagem datada de terça-feira (15/3) diz que a unidade “vem sofrendo ao longo dos últimos dias ataques por parte de uma servidora que não teve seus caprichos atendidos. Já na quarta-feira (16/3), uma nova postagem afirma que “as servidoras envolvidas em boatos” foram afastadas e o colégio estava sob intervenção.