Investigação começou após três mulheres fugirem do local. Uma delas machucou o calcanhar e procurou à polícia
À Polícia Civil investiga uma clínica de reabilitação feminina suspeita de maus-tratos e tortura contra as internas. O centro terapêutico fica localizado no Jardim Guanabara, em Goiânia e abriga 53 mulheres com dependência química por álcool e drogas. O abrigo passou a ser investigado depois que pacientes denunciaram o local pelos atos de violência.
De acordo com à polícia, agentes civis e servidores da Vigilância Sanitária estiveram na clínica na tarde desta quinta-feira (21/10). Porém, a investigação começou após três mulheres fugirem do local. Uma delas machucou o calcanhar durante a fuga e procurou à polícia. Ela relatou que as internas são vítimas de maus-tratos, castigos, torturas.
Um dos agentes questionou as internas a respeito dos supostos castigos e maus-tratos impostos pelos funcionários do local. “O que é esse castigo? É agressão?”, indaga. “Agressão! Eles gritam com a gente, cortam as ligações com familiares”, respondem as mulheres em um vídeo divulgado pela polícia. Uma outra mulher relata que as internas não têm acesso à banheiros. “A gente pegou uma vasilinha para colocar e fazer xixi nos quartos”, lamenta.
“Quando entreguei uma procuração, pra dizer que eu tinha o direito de ficar aqui fora, eles me trancaram num quarto. Me obrigaram a tomar remédios. Eu tentei resistir, mas até cortaram o meu queixo, tive que dar ponto”, disse uma das internas. “Meus braços são todos cheios de picadas de percevejo, porque aqui é cheio. A gente mal dorme, com medo!”, acrescentou outra paciente. Veja os relatos completos abaixo:
Durante a visita, as autoridades constataram que o local não tinha alvará de funcionamento. Além disso, o abrigo também não contava com extintores de incêndio e, dos três banheiros, apenas um estava em funcionamento.
Aos policiais, as internas relataram que ninguém recebeu a vacina que protege contra a Covid-19. Ainda segundo as mulheres, os administradores do local teriam cobrado R$ 150 para aquelas que quisessem se vacinar. Outro agravante, segundo os policiais, é que o local nem mesmo oferece às internas máscaras de proteção, nem álcool em gel.
Devido às várias irregularidades, a Vigilância Sanitária interditou o centro e deu 72h para que os administradores encaminhem as internas para a família ou abrigo.