O veículo era dirigido pela menina de 7 anos em meio ao trânsito de Itapoá (SC). Pai irá responder por entregar carro a "condutor não habilitado e menor de idade"
Polícia guinha mini-fusca, multa e suspende habilitação de pai de criança que dirigia o veículo movido a gasolina - (crédito: Instagram/Reprodução)
O trânsito de Itapoá, no Norte de Santa Catarina, registrou um veículo diferente nas longas filas geradas pelo 1º dia do ano, no último sábado: um mini-fusca, dirigido por uma criança de 7 anos, estava circulando entre os carros que pesam, em média, mais de 2 toneladas. O passeio era filmado pela família da menina, até ser interrompido pela polícia. Os agentes guincharam o carro, multaram e suspenderam a habilitação do pai da criança, que estava com a filha no veículo.
De acordo com à Polícia Militar, a família, que possui casa na cidade praiana e passava a virada do ano no local, foi avisada que não poderiam circular no local, mas continuaram. O carro foi guinchado “por não oferecer condições de segurança, não possuir documentação necessária e por ser ‘dirigido’ por pessoa não habilitada”. O pai da menina irá responder criminalmente “por entregar o veículo a condutor não habilitado e menor de idade”.
De acordo com a família, o veículo, que imita o famoso fusca Herbie, custou R$ 12,5 mil, tem um motor de 40 cilindradas e é movido a gasolina. O carrinho, que permite o transporte de duas pessoas, foi comprado em 2021 e a família afirma que não sabia que precisava de autorização para circular nas ruas.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), todo veículo automotor deve ser registrado (artigo 120) e licenciado anualmente (130). Assim como carros regulares, o miniveículo deveria ser dirigido por motorista habilitado e maior de 18 anos. As regras valem apenas para áreas públicas — condomínios, casas e chácaras são locais em que a locomoção pode ser feita por crianças —, o que era o caso do mini fusca.
A mãe da criança, Simone Franca, compartilhou nas redes sociais um vídeo em que mostra o passeio da menina no carro e a posterior apreensão do carro. Ela fez um apelo à Polícia para devolver o veículo e disse que a filha está “desesperada”.
Veja:
O vídeo foi postado pela primeira vez no Tik Tok com um pedido de compartilhamento para que achassem “uma solução” para o caso. No entanto, a conta da mulher foi suspensa e um aviso de que “as diretrizes da plataforma foram violadas” é visto ao tentar acessar o perfil dela.
Nas redes sociais, a família afirma que já contratou um advogado e espera que até “semana que vem” o veículo esteja com a criança.
O registro feito por Simone foi repostado no Instagram e a apreensão dividiu opiniões. Alguns usuários repreenderam a mãe da criança por deixá-la circular em meio aos outros carros comuns. As opiniões foram respondidas com deboche pela mãe da criança.
“Já pensou ter carros de brinquedo disputando as pistas das cidades com pequenos ‘motoristas’ que sequer tiveram aulas de como o trânsito flui, das suas regras, etc? Pela filmagem dá pra perceber que transitavam em uma área com intenso fluxo de pedestres e veículos. Acho que a polícia agiu muito bem. Me desculpe a franqueza, mas os péssimos motoristas são os pais da criança que não tem noção de regras de trânsito”, escreveu um perfil. Em resposta, Simone disse: “bb, vai ver se estou na esquina”.
A mãe da criança também perguntou se ela tinha que dar o carrinho para uma mulher, que afirmou que os pais da criança foram “irresponsáveis de colocar um veículo motorizado nas mãos de uma criança no meio do trânsito e de pedestres”. “É um brinquedo. Se eu não der pra criança eu vou dar pra você? kkk”, respondeu. Depois, chamou a mulher de “recalcada”.
“Ricoé engraçado demais. Os caras além de cometerem a infração ainda tentam se justificar… é como se a lei não existisse para eles (o que em parte é verdade no Brasil)”, escreveu outro perfil. “Lamento pela tristeza da criança. Em relação aos pais, são dois irresponsáveis”, opinou outro homem.
Há quem apoiou a família da criança. “Sacanagem, né? Falta de senso das autoridades, mobilete circula livremente…”, escreveu um perfil. “Esses tipos deveriam estar ajudando e não agindo com essa inveja com certeza se o pai tivesse dado uma pequena quantia isso não aconteceria”, disse outra mulher.
O Correio tentou entrar em contato com Simone, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta. O espaço ficará aberto para eventuais manifestações.