Homem foi condenado a 24 anos de prisão. Ele é acusado de estuprar a própria filha por cerca de seis anos em Mogi Guaçu (SP)
Antes de ser preso, um homem acusado de estuprar a própria filha teria sido “perdoado” pela mãe da jovem, que explicou ser “testemunha de Jeová”, denominação cristã cujos fiéis baseiam sua crença em uma interpretação literal da Bíblia. As testemunhas de Jeová acreditam que o ato de perdoar “abre o caminho para a salvação”.
A versão foi dada pela tia materna da criança, em depoimento à polícia, e consta em acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que negou, em setembro do ano passado, absolver o réu.
O homem foi preso em 2019 e, em seguida, condenado a 24 anos de prisão.
A tia relatou que, após saber dos abusos sexuais sofridos pela garota, dos 6 aos 12 anos, resolveu contar para a mãe da menina, a qual afirmou que já sabia dos fatos.
“[A tia] contatou sua irmã, genitora da vítima, que respondeu que já sabia dos fatos e chegou a indagar ao réu, oportunidade em que ele teria admitido os atos libidinosos. Mas a mãe resolveu perdoar o acusado, ‘por ser testemunha de Jeová'”, narra o acórdão judicial.
A tia afirmou ainda que a irmã teria um “amor doentio pelo réu, com elevada dependência emocional”, e que poderia estar fechando os olhos aos fatos para não ter que se separar do marido.
Foi a tia que teria ajudado a menina a procurar uma delegacia e denunciar o pai.
A vítima morava junto com o pai em Mogi Guaçu e teria sido abusada sexualmente pela primeira vez quando tinha apenas 6 anos.
Segundo a garota, o pai a acariciava de forma estranha, manipulava os órgãos genitais e a lambia, até mesmo de madrugada. Geralmente os abusos ocorriam quando os dois ficavam sozinhos na casa.
A menina relatou que após os crimes passou a ter depressão e crise do pânico, além de ter dificuldade em se relacionar com homens e frequentar locais públicos.
Em seu depoimento, a mãe da vítima afirmou que nunca soube de nada. A mulher alegou também que o homem “sempre tratou bem os filhos, sendo carinhoso com todos ao seu redor, e nunca apresentando comportamentos suspeitos”.
Procurado, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) não respondeu se a mãe da criança é investiga por omissão, uma vez que o caso está em sigilo.