Presa nesta terça-feira (16/11), Raiane Campêlo é apontada como 'operadora financeira' do esquema e responsável por saques de até R$ 900 mil, que eram emprestados às vítimas
Nutricionista Raiane Câmpelo é apontada pela Polícia Civil como operadora financeira de esquema de agiotagem, no DF — Foto: Instagram/Reprodução
A nutricionista Raiane Campêlo, moradora de Águas Claras-DF, é apontada pela polícia como "operadora financeira" de um grupo de agiotas que movimentou quantias milionárias no Distrito Federal. O esquema, que era chefiado por um sargento da Polícia Militar, veio à tona nesta terça-feira (16/11), após operação da Polícia Civil que resultou na prisão de seis pessoas.
De acordo com a investigação, Raiane participava da organização criminosa liderada pelo sargento Ronie Peter Fernandes da Silva. O militar, que foi detido, é suspeito de gerenciar um negócio ilegal que movimentou R$ 8 milhões nos últimos seis meses, emprestando dinheiro e extorquindo vítimas na capital federal.
Raiane foi uma das pessoas presas nesta terça-feira. Tanto ela, quanto Ronie ostentam vida de luxo nas redes sociais, com fotos de viagens nacionais e internacionais.
O g1 afirma que tenta contato com a defesa da nutricionista.
De acordo com à Polícia Civil, a investigação identificou que Raiane fazia saques de R$ 500 mil a R$ 900 mil "na boca do caixa". O dinheiro, levado para casa dela, era usado para empréstimos a "juros altíssimos".
Além disso, segundo à polícia, Raiane é proprietária de uma loja de suplementos que "movimentava cifras muito superiores ao declarado". Para a investigação, o empreendimento era usado para lavar dinheiro dos juros cobrados pelo militar.
Nas redes sociais, Raiane se identifica como nutricionista. Nas publicações, ela mostra alto padrão de vida, com viagens nacionais e internacionais, além de visita a restaurantes.
Entre os destinos visitados pela mulher, estão praias paradisíacas, como Cancún, no México, e viagens a regiões da Europa, como Malta. Além disso, há destinos no Brasil, como Campos do Jordão.
Apesar da ligação com o esquema, a nutricionista não tem vínculo com Ronie nas redes sociais. O militar também costumava ostentar a vida de luxo nas publicações online.
Passeios de lancha, viagens nacionais e internacionais estão no roteiro do sargento, que, segundo o portal da transparência do DF, tem salário líquido de R$ 8 mil. Na última semana, o sargento Ronie Peter publicou fotos das Ilhas Maldivas, um dos destinos mais luxuosos do mundo.
O militar também divulgou imagens de passeios em moto aquática e de um avião. Restaurantes, praias e embarcações compõem o mural de fotos dele. Durante a operação, os policiais apreenderam quatro veículos que seriam do sargento, avaliados em R$ 3 milhões.
A Operação S.O.S Malibu foi deflagrada nas primeiras horas desta terça-feira (16) pela Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri) da Polícia Civil do DF. Ao todo, foram 15 mandados judiciais expedidos e cumpridos em Vicente Pires, Taguatinga e São Paulo (SP).
A polícia acredita que as sete pessoas investigadas emprestavam dinheiro a terceiros com juros superiores aos permitidos por lei, e cobravam os valores mediante "grave ameaça". Seis suspeitos foram presos e um está foragido em São Paulo (SP).
Além das prisões e da apreensão dos quatro veículos, a Justiça determinou o bloqueio de sete contas bancárias, de pessoas físicas e jurídicas. A Polícia Civil afirma que o esquema de agiotagem contava com integrantes da família de Ronie, o militar.
O pai e o irmão do sargento estão entre os detidos. Eles seriam responsáveis por emprestar os valores e cobrar dos endividados. "Em algumas situações, eles tomavam veículos e exigiam transferência de imóveis das vítimas", diz a polícia.
Ainda de acordo com as investigações, o pai de Ronie é dono de uma distribuidora de bebidas que funcionava de fachada para os crimes de agiotagem.
"Existe a suspeita de que essa distribuidora era usada para lavagem de dinheiro. A movimentação da empresa está acima da capacidade dela", disse ao g1 o delegado Fernando Cocito.
Os outros cinco investigados eram "operadores financeiros", que faziam transações e saques em contas de empresas de fachada, para "dar uma aparência lícita aos valores oriundos da agiotagem". Desses, três eram responsáveis pela ocultação do dinheiro e, conforme a polícia, cediam os nomes para registro dos veículos de luxo, cujo dono era o sargento.