Órgão investiga a contratação de 10 funcionários
O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) pediu a prisão do prefeito de Manaus por suposta fraude na vacinação. (Foto: reprodução/Estadão)
O MP-AM (Ministério Público do Amazonas) pediu a prisão preventiva do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), por um suposto favorecimento de pessoas que não fazem parte dos grupos prioritários na vacinação contra a covid-19. A ação foi apresentada na segunda-feira (25) ao TJ-AM (Tribunal de Justiça do Amazonas), que já se declarou incompetente e enviou o caso ao TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região).
Uma investigação do MP identificou a contratação de dez médicos, com remuneração de cerca de R$ 9 mil cada, para cargos de gerentes de projetos. Mas essas nomeações, todas feitas por Almeida, teriam como objetivo beneficiar o grupo, composto por pessoas com “ligações políticas e econômico-financeiras de apoio político e eleitoral ao atual prefeito”.
Entre as contratações, estão as gêmeas Gabrielle e Isabelle Kirk Maddy Lins, filhas do empresário Nilton Lins, que chegaram a compartilhar nas redes sociais o momento em que receberam a primeira dose da vacina. Em resposta à enxurrada de ataques recebidos, as irmãs disseram atuar na linha de frente do combate ao coronavírus na UBS (Unidade Básica de Saúde) Nilton Lins, batizada em homenagem ao pai.
As dez nomeações aconteceram em 18 e 19 de janeiro, o que causa “a forte impressão de que a corrida para a formalização dos cargos ocorreu exatamente coincidindo com o momento [do início da aplicação] das vacinas”, na visão do MP estadual.
Ainda segundo o órgão, também teriam sido vacinados indevidamente um empresário, sua esposa e um advogado, além de:
Nenhum destes servidores atuam na linha de frente do combate à covid-19, tampouco são idosos pertencentes ao grupo prioritário da primeira fase de vacinação, de acordo com o MP. Isso configuraria, portanto, crime de peculato (desvio de dinheiro público).
Em nota, David Almeida se disse “profundamente indignado” com a atuação de membros do Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado) do MP, considerada pelo prefeito ” ilegal e arbitrária”. Ele informou que entrará com as “medidas cabíveis” contra os responsáveis pela investigação.
“Não há o menor indício de desvio de recursos públicos, ato lesivo ao erário ou repercussão criminal”, afirmou, acrescentando que confia no Judiciário, nas instituições e na “gestão transparente” de Manaus.
Ex-governador do Amazonas, Almeida está há menos de um mês na prefeitura de Manaus, tendo sido eleito em 2020, em segundo turno, com 51,27% dos votos válidos, derrotando Amazonino Mendes (Podemos). Ele é sucessor de Arthur Virgílio Neto (PSDB).