Promotor diz que não há prova de que jovem esteja debilitada para ficar em prisão domiciliar. Segundo denúncia, ela matou José Ricardo para roubar R$ 30 mil arrecadados em vaquinha
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) pediu na segunda-feira (12) a prisão preventiva da mulher acusada de matar José Ricardo Fernandes, que ficou conhecido após velar a mãe sozinho, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Segundo o promotor Marcolino dos Santos Júnior, não há prova de que a mulher esteja gravemente debilitada para continuar cumprindo a prisão domiciliar.
De acordo com o processo, a mulher matou Ricardo Fernandes para ficar com R$ 30 mil arrecadados em uma vaquinha virtual feita por ele para pagar um tratamento renal. Outro acusado de participar do crime está detido em presídio.
Bárbara Morais dos Santos e Matheus Teixeira Carneiro foram presos no dia 14 de julho do ano passado (veja detalhes do crime abaixo). Segundo a denúncia, Bárbara se propôs a ajudar à vítima no tratamento de hemodiálise fazendo campanha online para arrecadar dinheiro. Após conseguirem o valor, ela contratou Matheus por R$ 2 mil para matar José Ricardo.
No dia 4 de dezembro do ano passado, o juiz Leonardo Fleury Curado Dias autorizou Bárbara a aguardar o julgamento em prisão domiciliar. A defesa alegou questões de saúde para o pedido. O MP recorreu à época, mas o magistrado manteve a decisão.
No entanto, o promotor apresentou neste novo pedido um laudo médico que teria identificado a inexistência de doença grave na mulher. "À época do crime, [Bárbara] era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com este entendimento", ponderou Marcolino.
"A mulher não apresenta doença mental, conforme o laudo médico, nem desenvolvimento mental retardado ou incompleto nem dependência química", ressaltou o promotor no pedido.
Para solicitar a decretação e manutenção da prisão preventiva, o promotor se baseou em dois pressupostos: prova da materialidade e existência de indícios suficientes de autoria. A materialidade foi provada, segundo ele, com a morte da vítima.
“Ficou demonstrado pela conduta que Bárbara Morais dos Santos é uma pessoa extremamente intolerante e perigosa. Assim, sua liberdade coloca em risco a paz social e a segurança da sociedade”, destacou Marcolino Júnior.
A Polícia Civil apurou que, no dia 10 de julho, Bárbara contratou Matheus como um "matador de aluguel". Ela foi à casa de José Ricardo e foi autorizada a entrar na quitinete pela própria vítima. Mais tarde, o jovem chegou se passando por um doador de cesta básica e também entrou. A chegada dele foi registrada por uma câmera de segurança.
As investigações apontaram que, horas depois, a vítima foi "gravemente espancada" por Matheus e que, não convencida de que José Ricardo morreria, a mulher ateou fogo ao corpo dele.
O homem chegou a ser socorrido, mas morreu dois dias depois. Depois que a vítima foi atacada, Bárbara ainda entrou em contato com pessoas conhecidas para fingir que estava preocupada com a situação do homem, enquanto ele estava internado.
José Ricardo ficou conhecido em agosto de 2019, depois que, em um momento de revolta, publicou uma selfie com o corpo da mãe dizendo que ninguém, além dele, apareceu no velório ou enterro dela. A publicação teve mais de 300 mil curtidas em uma rede social.
A cena sensibilizou muitos internautas, e o homem ficou conhecido na internet. Em entrevista ao G1 à época, ele contou que os parentes estavam espalhados por várias partes do estado e do Brasil e que, mesmo sabendo da situação da mãe dele, não telefonaram ou a visitaram.
Apesar de revoltado e chateado com toda a situação, ele afirmou à época que esperava que a história dele inspirasse os filhos a cuidarem dos pais.